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A Segunda Vinda de Cristo – Parte I

Apocalipse 17

Como será a volta de Jesus? O que a Bíblia ensina sobre esse evento que é considerado pela própria Escritura como a bendita esperança?

Nisto Cremos

“Mamãe”, confidenciou um pequeno à hora de ir para cama, “sinto tanta saudade de meu amigo Jesus. Quando Ele virá?” – Essa criança mal poderia imaginar que o desejo de seu pequeno coração tem sido o anseio de longas eras. As palavras finais da Bíblia asseguram que o retorno ocorrerá em breve: “Certamente venho sem demora.” E João, o revelador, o leal companheiro de Jesus, acrescenta: “Amém. Vem, Senhor Jesus” (Apocalipse 22:20).

Contemplar a Jesus! Unir-se a Ele para sempre, a Ele que nos ama infinitamente mais do que podemos imaginar! Receber o fim de todo sofrimento terrestre! Desfrutar da eternidade com os amados ressurretos, os quais agora dormem! Não admira que desde a ascensão de Cristo os Seus amigos tenham contemplado o futuro na expectativa deste dia.

Um dia Ele virá, ainda que até mesmo para os santos a Sua vinda constitua uma irresistível surpresa – pois todos tiram sua soneca ou dormem durante a longa espera (Mateus 25:5).

À “meia-noite”, na hora mais escura da Terra, Deus manifestará Seu poder ao libertar Seu povo. As Escrituras assim descrevem os eventos: “Grande voz” procede “do santuário”, do lado do trono, dizendo: “Feito Está!” Esta voz sacode a Terra, causando tão “grande terremoto como nunca houve igual desde que há gente sobre a Terra” (Apocalipse 16:17 e 18). As montanhas tremem, rochas são lançadas em todas as direções, e toda a Terra tem suas camadas deslocadas como as ondas do oceano. Sua superfície se rompe e “caíram as cidades das nações… Toda ilha fugiu, e os montes não foram achados” (versos 19 e 20). “O céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então todos os montes e ilhas foram movidos de seus lugares” (Apocalipse 6:14).

A despeito do caos que se está manifestando no mundo físico, o povo de Deus toma coragem quando vê “o sinal do Filho do homem” (Mateus 24:30). Enquanto Ele desce sobre as nuvens do céu, todos os olhos vêem o Príncipe da Vida. Nessa oportunidade Ele vem, não como homem de dores, mas como vitorioso conquistador que reclama o que é Seu. Em lugar de coroas de espinhos, Sua cabeça sustenta uma gloriosa coroa, e “tem no Seu manto, e na Sua coxa, um nome inscrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:12 e 16).

Em Sua vinda, grande desespero atingi aqueles que se recusaram a reconhecer Jesus como Salvador e Senhor, e rejeitaram as exigências de Sua lei durante a existência. Nada torna tão claro aos transgressores sua culpa quanto aquela voz que tão pacientemente insistiu: “… convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que haveis de morrer?” (Ezequiel 33:11).

“Os reis da Terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira dEles; e quem é que pode suster-se?” (Apocalipse 6:15 a 17). Mas o gozo daqueles que durante muito tempo aguardavam esse dia, sobrepuja o desespero dos ímpios. A vinda do Redentor traz a seu glorioso clímax a história do povo de Deus; é este o seu momento de libertação. Com vibrante adoração eles exclamam: “Eis que este é o nosso Deus, em quem aguardávamos: na Sua salvação exultaremos e nos alegraremos” (Isaías 25:9). À medida que Jesus Se aproxima, chama Seus santos adormecidos de suas sepulturas e comissiona os anjos a reunir “os Seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mateus 24:31). Em todo mundo, os justos mortos ouvem a Sua voz e se erguem de seus sepulcros – oh, feliz momento!

Então os justos vivos são transformados “num momento, num abrir e fechar de olhos” (1 Coríntios 15:52). Glorificados e sendo agora portadores da imortalidade, junto com os justos ressuscitados, são os santos erguidos aos ares, para o encontro com seu Senhor, com O qual permanecerão para sempre (1 Tessalonicenses 4:16 e 17).

A Certeza do Retorno de Cristo. Os apóstolos e os cristãos primitivos consideravam o retorno de Cristo como a “bendita esperança” (Tito 2:13; Hebreus 9:28). Esperavam que todas as promessas e profecias das Escrituras se cumprissem por ocasião do Segundo Advento (2 Pedro 3:13; Isaías 65:17), pois esse é o próprio alvo da peregrinação cristã. Todo que ama a Cristo olha ansiosamente em direção ao futuro, ao dia em que estará apto a compartilhar em comunhão face a face – com Ele, com o Pai, com o Espírito Santo e com os anjos.

O Testemunho das Escrituras. A certeza do Segundo Advento encontra suas raízes na confiabilidade das Escrituras. Pouco antes de Sua morte, Jesus explicou aos discípulos que estaria retornando para junto do Pai a fim de preparar-lhes lugar. Mas Ele também prometeu: “Virei outras vez” (João 14:3). Assim como a primeira vinda de Cristo à Terra fora profetizada, também a Sua segunda vinda é antecipada pelas Escrituras. Mesmo antes do Dilúvio, Deus contou a Noé que seria a vinda de Cristo em glória o evento que poria fim ao pecado. Ele profetizou “Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram, e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra Ele” (Judas 14 e 15).

Mil anos antes de Cristo, o salmista falou da vinda do Senhor para reunir o Seu povo, dizendo: “Vem o nosso Deus, e não guarda silêncio; perante Ele arde um fogo devorador, ao Seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os Céus lá em cima, e a Terra, para julgar o Seu povo. ‘Congregai os Meus santos, os que comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios'” (Salmo 50:3 a 5). Os discípulos de Cristo se regozijaram na promessa de Seu retorno. Em meio às dificuldades que encontravam, a certeza dessa promessa sempre permitiu a renovação de sua coragem e força. O mestre voltaria a fim de levá-los para a casa do Pai!

A Garantia Representada Pela Primeira Vinda. A segunda vinda acha-se intimamente vinculada à primeira vinda de Cristo. Se Ele não houvesse vindo pela primeira vez e obtido vitória decisiva sobre o pecado e Satanás (Colossenses 2:15), não haveria razão para crer que algum dia voltará e porá fim ao domínio de Satanás sobre este mundo, restaurando-o à perfeição original. Uma vez, porém, que Ele apareceu “para aniquilar pelo sacrifício de Si mesmo o pecado”, temos também razões para crer que Ele “aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para salvação” (Hebreus 9:26 e 28).

O Ministério Celestial de Cristo. A revelação de Cristo a João torna claro que o santuário celestial é o centro do plano da salvação (Apocalipse 1:12 e 13; 3:12; 4:1 a 5; 5:8; 7:15; 8:3; 11:1 e 19; 14:15 e 17; 15:5,6 e 8; 16:1 e 17).  As profecias indicadoras de que Ele já iniciou Seu ministério final em favor dos pecadores, acrescentam à certeza de que Ele em breve retornará a fim de levar Seu povo para o lar. A confiança em que Cristo está operando ativamente no sentido de consumar a redenção já alcançada na cruz, tem trazido grande encorajamento aos cristãos que contemplam o horizonte à espera de Seu retorno.

A Maneira do Retorno de Cristo. Assim como Cristo falou a respeito dos sinais que indicariam a proximidade de Sua vinda, mencionou também a preocupação de que Seu povo não fosse enganado por falsos indicadores. Advertiu que antes do Segundo Advento surgiriam “falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos”. Ele advertiu: “Se alguém vos disser: ‘Eis aqui o Cristo!’ ou ‘Ei-Lo ali!’, não acrediteis” (Mateus 24:23 e 24). Estando previamente advertidos, estamos previamente armados. Tendo em vista habilitar os crentes para distinguirem entre o genuíno evento e as falsas demonstrações, várias passagens bíblicas revelam detalhes quanto à maneira do retorno de Cristo.

Retorno Literal e Pessoal. Quando Jesus ascendeu numa nuvem, dois anjos dirigiram-se aos discípulos, que ainda contemplavam, pasmados, o Salvador que acabara de desaparecer lá no alto, dizendo-lhe: “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu, assim virá do modo como O vistes subir” (Atos 1:11). Em outras palavras, disseram que o mesmo Senhor que naquele momento os havia deixado – um ser pessoal, de carne e osso, e não uma entidade meramente espiritual (Lucas 24:36 a 43) – haveria de retornar à Terra. Seu Segundo Advento será tão literal e pessoal quanto foi Sua partida.

Retorno Visível.
A vinda de Cristo não será uma experiência interior, invisível, mas um real encontro com uma Pessoa visível. Não deixando qualquer terreno a dúvida quanto à visibilidade de Seu retorno, Jesus advertiu Seus discípulos contra o risco de imaginarem um retorno secreto, ao comparar Sua volta com a luminosidade e visibilidade do relâmpago (Mateus 24:27). A Escritura declara positivamente que tanto os justos quanto os ímpios testemunharão simultaneamente Sua vinda. João escreveu: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O transpassaram” (Apocalipse 1:7). E Cristo mencionou a reação dos ímpios: “Todos os povos da Terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória” (Mateus 24:30).

Retorno Audível. Acrescentando informações ao quadro de um reconhecimento universal do retorno de Cristo, a Bíblia afirma que Sua vinda também se caracterizará por sons muito audíveis: “Portanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus” (1 Tessalonicenses 4:16). O “grande clangor de trombeta” acompanha a reunião de Seu povo. Nada há de secreto aqui.

Retorno Glorioso. Ao Cristo retornar, vem Ele como um conquistador, com poder e “na glória de Seu Pai, com Seus anjos” (Mateus 16:27). O apóstolo João retrata a glória do retorno de Cristo de modo mais dramático. Ele traça o quadro de Cristo cavalgando um cavalo branco e conduzindo inumeráveis exércitos celestiais. O esplendor sobrenatural do Cristo glorificado é evidente (Apocalipse 19:11 a 16).

Retorno Súbito e Inesperado. Os crentes em Cristo, tendo almejado e aguardado por tanto tempo o retorno de seu Senhor, saberão quando Ele Se aproximar (1 Tessalonicenses 5:4 a 6). Mas em relação aos habitantes da Terra em geral o apóstolo Paulo escreveu: “O dia do Senhor vem como o ladrão de noite. Quando andarem dizendo: ‘Paz e segurança’, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vem a dor do parto à que está para dar a luz; e de modo nenhum escaparão” (1 Tessalonicenses 5:1 a 3; Mateus 24:42 e 43).

Alguns têm entendido que a comparação feita por Paulo, da vinda de Cristo com a chegada de um ladrão, deva significar que Ele retornará de alguma forma secreta e invisível. Entretanto, tal modo de ver as coisas contradiz o quadro bíblico de Cristo retornando em glória e esplendor, à vista de todos (Apocalipse 1:7). O ponto destacado por Paulo não é uma hipotética vinda secreta de Cristo, e sim o fato de que , para os que possuem mente mundana, será a Sua volta tão inesperada quanto o aparecimento de um ladrão.

Cristo salientou o mesmo ponto ao comparar Sua vinda com a inesperada destruição do mundo antediluviano pelas águas. “Portanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mateus 24:38 e 39). Embora Noé tenha pregado durante tantos anos a respeito do dilúvio vindouro, a maioria das pessoas foi apanhada de surpresa pelo evento. Havia duas classes de pessoas sobre a Terra. Uma cria nas palavras de Noé e assim entrou na arca e escapou da destruição; a outra – a imensa maioria – decidiu ficar ao lado de fora da arca e assim “veio o dilúvio e os levou a todos” (Mateus 24:39).

Evento Cataclísmico. De modo semelhante ao dilúvio, o sonho de Nabucodonosor – a estátua de metal – retrata a maneira cataclísmica pela qual Cristo estabelecerá Seu reino de glória. Nabucodonosor viu uma grande imagem, cuja “cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze; as pernas de ferro e os pés em parte ferro, e em parte de barro”. Depois “uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras do estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu a Terra” (Daniel 2:32 a 35).

Através deste sonho, Deus concedeu a Nabucodonosor uma sinopse da história mundial. Entre os dias do rei e o estabelecimento do sempiterno reino de Cristo (a Pedra), quatro impérios principais, seguido de um conglomerado de nações fortes e fracas, ocupariam sucessivamente o palco dos eventos mundiais.

Mesmo nos dias de Cristo, os intérpretes já haviam identificado os quatro grandes impérios como sendo Babilônia (605 a 539 a.C.), Medo-Pérsia (539 a 331a.C.), Grécia (331 a 168 a.C.) e Roma (168 a.C. a 476 d.C.).1 Conforme profetizado, nenhum outro império sucederia Roma. Durante o quarto e quinto séculos de nossa era o império romano se fragmentaria em vários reinos menores, os quais mais tarde se tornariam as nações da Europa. Através dos séculos, poderosos governantes – Carlos Magno, Carlos V, Napoleão, Kaiser Guilherme e Hitler tentaram estabelecer outro império mundial. Todos eles fracassaram, pois a profecia advertira: “Não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro” (Daniel 2:43 – veja também em Próximos do Fim: A História do mundo).

Finalmente, o sonho passou a focalizar o clímax dramático: o estabelecimento do eterno reino de Deus. A Pedra cortada sem auxílio de mãos representa o reino de glória de Cristo (Daniel 7:14; Apocalipse 11:15), o qual será estabelecido sem qualquer esforço humano por ocasião do Segundo Advento. O reino de Cristo não deverá coexistir com qualquer império humano. Quando Ele esteve na Terra, ocasião em que o Império Romano dominava o mundo, o reino da “Pedra” que esmaga todas as nações ainda não havia aparecido. Somente depois da fase do ferro e do barro, presentes nos pés da estátua – o período das nações européias divididas – é que a Pedra entraria em cena. O reino de Cristo será estabelecido em Seu Segundo Advento, quanto Ele separar os justos dos ímpios (Mateus 25:31 a 34).

Quando aparecer, esse reino atingirá a imagem “nos pés de ferro e de barro” e “esmiuçará e consumirá a todos estes reinos”, deles não mais deixando nem “vestígios” (Daniel 2:34, 44 e 45). Efetivamente, o Segundo Advento é um acontecimento sensacional.

Equipe Biblia.com.br

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Fonte: Nisto Cremos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 7ª ed.), p. 432-439).

1. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 1, págs. 456 e 894; vol. 2, págs. 528 e 784; vol. 3, págs. 252 e 744; vol. 4, págs. 396 e 846.

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