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A Feiura que Salva

Jesus Cristo

É na feiura do pranto que ninguém ouviu, na lágrima solitária ao pé da cama, na admissão de fracasso e fraqueza que as vitórias se constroem.

Pr. Robson Aleixo
Apresentador do Programa
Fé para Hoje, TV Novo Tempo

Diante de uma audiência assustada com a maneira como Ele falava, Jesus, mais uma vez, terminava o seu sermão acrescentando uma tonelada de realidade nas suas palavras. Fantasias e ilusões, estão longe de ser coisas próprias do universo infantil, muito pelo contrário, elas são poderosas tentações da vida adulta. Talvez porque estejamos o tempo todo tentando negar que a realidade deste mundo é má. E má de verdade.

O mal é ilógico, agressivo e inviável. Mesmo sem refletir, ou dar nomes para as coisas que nos agridem, todos nós, de uma forma ou de outra, sentimos isso. E tentamos fugir.

O problema é que para onde vamos, levamos o pecado conosco. E isso se parece com um looping crônico, um nó lógico. Não dá para fugir de nós mesmos, então acabamos tentando fugir das palavras de Deus sobre nós. E as fantasias e ilusões, nos tem sido instrumentos para isso a séculos.

No caso daqueles que olharam para Jesus, o canto da sereia era a vontade de pintar as suas palavras e emoldurar seu sermão como uma obra de arte para ser apreciada, enquanto ela as apresentava como pão para ser comido.

“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, as multidões
estavam maravilhadas com a sua doutrina, porque ele as ensinava como
quem tem autoridade, e não como os escribas”
(Mateus 7:28).

Mas Ele não intencionava produzir maravilhamento, ele estava chamando para a realidade. Mais do que isso, chamando para a transformação da realidade:

“Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor!’, e não fazem o que eu mando?
Eu vou mostrar a vocês a quem é semelhante todo aquele que vem a mim,
ouve as minhas palavras e as pratica. Esse é semelhante a um homem que,
ao construir uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha.
Quando veio a enchente, as águas bateram contra aquela casa
e não a puderam abalar, por ter sido bem-construída”.
(Lucas 6:46 a 49).

Geralmente as pessoas, quando afetadas pela beleza de uma construção não falam de seus alicerces, falam sim, da decoração, da pintura ou do design. Falamos do exterior, daquilo que pode ser visto. Mas não é nada disso que mantém uma casa em pé. O que mantem uma construção firme em seu lugar está onde ninguém vê.

Não há pintura nem iluminação nos alicerces, não há encantamento e nem beleza. O que deve ser encontrado nas bases é solidez.

Jesus disse que este homem bem-sucedido em sua construção, fez o que não chama a atenção. Decidido e dedicado, ele atravessou a superficialidade arenosa das performances que geram aplausos, mas não resistem as tempestades. O discípulo cavou, e sua pá é a prática. Ele ouviu e não acolheu as palavras do Mestre como sugestões, mas como instruções vitais para a caminhada.

Nossas dores são como tempestades em um planeta que nos entrega constantemente papéis de parede com frases prontas. Mas quando o clima joga contra, somente os alicerces da crença podem enfrentar os ventos das dúvidas, das incertezas e do cansaço.

Crença é a soma do que sabemos com que decidimos fazer com o que sabemos. Jesus desclassifica qualquer coisa que chamamos de crença e não seja um conjunto de saberes que estejam orientando e organizando a vida.

Ouvir e praticar. Isso é construir sobre a rocha. É a bem-aventurança de se sobrepor as ilusões de uma religião cheia de ideias e performances, porém frágil diante da realidade cruel do mundo.

É na feiura do pranto que ninguém ouviu, na lágrima solitária ao pé da cama, na admissão de fracasso e fraqueza que as vitórias se constroem. Na feiura da cruz, olhando para Aquele que parecia ser o mais frágil e feio dentre todos os homens, foi o dia em que sustentou o mundo inteiro e seus pecados sobre seus ombros demonstrando a beleza, outrora oculta de sua graça.

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