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O que Você Faria se Visse Deus?

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Para experimentar o perdão de Deus, é imprescindível termos a real noção de quem nós somos diante de um Deus que é Santo.

Denis Versiani

No fim do oitavo século a.C., o reino de Judá estava experimentando uma prosperidade nunca vista desde o reinado de Salomão, dois séculos antes. Regiões perdidas foram reconquistadas; cidades foram fortificadas e havia muita riqueza e admiração por parte das nações ao redor. Mas a prosperidade não foi acompanhada de reavivamento. O pomposo culto no Templo seguia um ritual vazio, cheio de orgulho e formalismo. Havia opressão por parte dos sacerdotes, príncipes, ricos e juízes contra os mais pobres. A lei era afrouxada e o direito pervertido. Além disso, Judá experimentava um culto misto, e a idolatria já não causava mais surpresa. Embriaguez, imoralidade sexual e orgia minavam o ânimo dos poucos que queriam manter um relacionamento genuíno com Deus. E, para piorar, estavam desfrutando uma falsa segurança diante de uma aliança entre Assíria e Israel, que se fortificava cada vez mais contra Judá.

Não é de se admirar que Isaías estivesse recuando do seu chamado. As mensagens presentes nos cinco primeiros capítulos já haviam trazido certa impopularidade, e Isaías temia a resistência que enfrentaria caso continuasse esse ministério. Foi então que Deus levou o profeta ao Lugar Santíssimo do Santuário velado pelo pórtico e pelo véu interior, e lhe mostrou algo inesquecível.

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas das suas vestes enchiam o templo” (Isaías 6:1). Na visão, o profeta de repente se depara, não com a arca da aliança sobre a qual brilhava a Shekinah, a luz da manifestação da sua presença, entre os querubins de ouro; mas com o próprio trono de Deus, alto e sublime. A presença de Deus era tão envolvente que todos os cômodos do santuário estavam cheios com a sua veste de glória. No ano que morre o rei que tentou profanar o templo, o próprio Deus se revela como o Rei do Universo.

“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Isaías 6:2, 3). O termo “serafim” significa literalmente “seres em chamas”. O poder desses anjos que faziam parte da guarda real era tão grande que se traduzia em chamas de fogo ou relâmpagos. Sua reverência por Deus era tão intensa, que eles não ousavam mostrar o rosto e os pés, nem ousavam olhar para o rosto de Deus. Isso ocorre porque eles tinham a consciência de que a sua santidade não poderia se comparar à santidade de Deus.

Aliás, a palavra “santo” significa separado, diverso, diferente. Ele é o Deus que criou o Universo pelo poder da sua palavra a partir do nada (Gênesis 1:1; João 1:1-3; Salmo 33:9). Sua natureza é tão grande que transcende os limites do espaço (2 Crônicas 6:18). Ele também transcende o tempo, conhecendo o passado, o presente e o futuro em todas as dimensões do Universo (Isaías 46:10). Tudo existe porque Deus é o princípio vivo que mantém a existência (Apocalipse 22:13). Além disso, tudo no Universo foi criado dentro da dimensão espaço-tempo, por mais sublime e sagrado que seja. Antes do princípio, Deus já existia (1 João 1:1), e a sua Sabedoria é preexistente (Provérbios 8:22-31). Ele nem precisa de nome, mas se revela como “Eu Sou” (Êxodo 3:14; João 8:59). Porque Ele É, tudo existe. Portanto, ao cantarem o superlativo: “Santo, santo, santo”, aqueles anjos poderosos que serviam a Deus no seu trono estavam proclamando que nada no Universo poderia se igualar, ou até mesmo se aproximar daquilo que Deus é. E, simplesmente por ser quem ele é, santo, distinto de qualquer coisa criada, Deus merece a sua e a minha adoração.

O Senhor dos Exércitos é o poderoso comandante, servido por uma hoste tão poderosa que nenhuma força militar, por mais tecnológica e bem treinada que seja, pode sequer pensar em se comparar. Por isso, podemos confiar quando Paulo diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Com a voz do canto, os alicerces do templo, os pilares e a porta foram sacudidas e o Lugar Santíssimo, a Sala do Trono se encheu de fumaça. Essa fumaça ajudava a refletir a glória que emanava do rosto de Deus. Imagine a luz gloriosa dos serafins ser totalmente absorvida pelo brilho divino do Altíssimo. Essa é a maior noção de majestade que se possa compreender. Essa cena se repete em Apocalipse 15:8, quando Deus está prestes a derramar as sete taças dos seus juízos sobre a última geração rebelde, antes da segunda vinda. A fumaça representa um tributo de louvor dos seres santos, reconhecendo a justiça de Deus como rei, juiz e sacerdote ministrador de todo o Universo.

Em Êxodo 33:20, Deus respondeu ao pedido de Moisés: “Homem nenhum pode ver a minha face e viver”. Por isso, Deus passou diante de Moisés toda a sua “bondade”. A glória de Deus se manifesta em sua bondade! Por isso, ao contemplar a Deus em seu trono, Isaías teve um choque de realidade. “Ai de mim! Estou perdido” Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6:5).

Ali, em pé, fustigado pela luz e o poder divino, Isaías se sentiu oprimido com o senso da pureza e santidade de Deus. Como era marcante o contraste entre a incomparável perfeição do Criador e a conduta pecaminosa do profeta e do seu povo. Ele sabia que não seria capaz de permanecer diante de Deus por mais tempo. Não porque Deus seja mau ou tirano, mas porque o mal não pode resistir na presença do bem. Eles não se combinam. Não existe tal coisa como “ying yang”; não existe comunhão entre luz e trevas. Onde a luz brilha, as trevas somem; onde o bem entra, o mal foge. Mesmo que Isaías buscasse a Deus, sua própria natureza imperfeita, que naturalmente o impulsionava ao mal, com a qual ele tanto lutava, era suficiente para denunciar o seu pecado.

Quão pequeno você se sentiria diante de uma cena como essas? É óbvio que, ao nos depararmos com a sala do trono, jamais sairíamos de lá do mesmo modo que entramos. Mas nem sempre é assim. Na verdade, não temos noção da nossa responsabilidade ao estarmos diante do Deus Eterno. Não é porque não vemos a manifestação da sua glória e poder, que Deus é menos santo. Nosso conceito de santidade está distorcido, e achamos que o Altíssimo tem que se adequar ao nosso padrão de vida. Mas, imagine que, se os santos anjos que servem a Deus na sua presença diariamente cobrem o rosto e os pés, quanto mais nós, pecadores, deveríamos viver uma vida em acordo com a vontade dele, sem relativizar valores e negociar princípios.

Amigo leitor, Deus é santo! E essa é uma razão mais que suficiente para nos prostrarmos diante dele e reconhecermos que ele é o único digno de adoração e louvor, não só no templo, mas em todos os aspectos da nossa vida. Nós devemos adorá-lo porque ele é o Criador de todas as coisas, inclusive nós. Mais ainda porque ele é o doador de cada milissegundo de vida que flui em nosso corpo. Deus deve ser adorado porque qualquer coisa boa que existe em nosso coração pecador provém de Deus. Dele provém o amor (1 João 4:8, 19)!

Deus deve ser adorado em sua santidade porque ele também é o único ser do Universo que possui duas naturezas: a ilimitada natureza divina, voluntariamente limitada à natureza humana (João 1:14). E a glória, a manifestação da sua bondade, a personificação do amor de Deus se fez presente para salvar a quem estava perdido, a quem não merecia amor, por ter virado as costas para o ser mais santo do Universo. Se o simples fato de ser santo já é razão suficiente para nós o adorarmos, quanto mais, pelo fato de Jesus Cristo ser a brasa viva, o fogo que consome o nosso pecado e purifica os nossos lábios e nosso coração (Isaías 6:6, 7; veja 1 João 1:9; Hebreus 12:27-29). Por isso, para experimentar o perdão de Deus, é imprescindível termos a real noção de quem nós somos diante de um Deus que é Santo, Santo, Santo!

“A quem enviarei, e quem há de ir por nós? (Isaías 6:9) “Eu disse: eis-me aqui, envia-me a mim”. Quando o serafim tocou os lábios de Isaías com a brasa viva, ele se sentiu digno de levar adiante a missão de Deus para um povo surdo, cego e de coração duro. O livro de Isaías retrata a intenção de Deus em salvar o seu povo da perdição que eles mesmos estavam procurando.

Amigo, essa é a mesma missão que Deus dá a nós hoje. Fomos purificados pelo sangue do Cordeiro. Fomos justificados pela sua justiça e santificados pela sua santidade. Confiando, não nos nossos méritos e talentos, mas no poder de Jesus, a santa semente (Isaías 6:13), nós devemos aceitar o chamado de sermos “raça eleita, sacerdócio rela, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Fomos salvos por Deus para salvar pecadores do fogo (Judas 22, 23) e da condenação do juízo (João 1:17), e levá-los aos pés da Cruz.

Você está disposto a dizer sim a esse chamado, e ir em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus da verdade?

Equipe Biblia.com.br

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Denis Versiani é Mestre em Teologia

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