O que a Bíblia diz sobre a idolatria?
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A idolatria foi introduzida no mundo quando o ser humano caiu em pecado. Em sua essência a idolatria é a substituição de Deus e de Sua vontade por qualquer outra coisa.
Somos adoradores de um Deus vivo ou dos ídolos deste mundo? Os textos bíblicos nos dão uma visão muito profunda sobre a idolatria e toca em muitas questões correlacionadas ao assunto. Talvez não estejamos de joelhos diante de alguma imagem de escultura e estejamos praticando a idolatria. A idolatria compreende a adoração de qualquer tipos de imagens, ou também as imagens sagradas presentes nas várias religiões existentes no mundo? A idolatria pode envolver coisas não palpáveis, como esculturas e outros tipos de artes, como ideias, filmes, músicas e modo de vida? Algumas religiões afirmam que as imagens mantidas em suas catedrais e igrejas não são ídolos de fato, mas suportes para inspirar as pessoas com menos propensão espiritual a se conectarem com Deus através daquelas imagens. O que a palavra de Deus diz sobre isso? O que as imagens representam? Qual é o sentido da idolatria? Todas estas questões devem ser respondidas à luz da bíblia.
O que é adoração?
Antes de compreendermos o verdadeiro conceito bíblico para a idolatria precisamos entender o que é adoração. Em Gênesis 18:2-4 encontramos: “Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-se em terra e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo; traga-se um pouco de água, lavai os pés e repousai debaixo desta árvore.”
No grifo acima apresentado encontramos uma imagem que a Bíblia nos apresenta sobre a adoração nas línguas originais em que foi escrita. Quando Deus revelava-se a um ser humano, apresentava-se em sua forma gloriosa, muitas vezes acompanhada por fogo, tempestades, terremotos e outros tipos de fenômenos naturais e sobrenaturais. Essas manifestações causavam espanto, medo, tremor e terror nas pessoas que recebiam tais revelações que em consequência se prostravam com os joelhos e o rosto em terra como medida de proteção à própria vida. Essa é a imagem da adoração, uma pessoa dominada no chão tremendo de medo da morte.
Adoração portanto, é condição de rendição e humilhação do ser humano perante Deus, condição esta que leva o adorador a reconhecê-Lo e exaltá-Lo perante o mundo como seu Criador, Senhor e Salvador com atitudes concretas de entrega, obediência, submissão, reverência, serviço e aceitação de Sua vontade e orientação.
Nota: A forma mais primária de adoração é o prostrar-se de joelhos com a cabeça ao chão a fim de render uma homenagem a alguém, a Deus, a um anjo ou a um falso deus. As três palavras mais usadas para adoração na bíblia são: 1. shachah (Hebraico – H7812) – prostrar-se, ajoelhar-se, humilhar-se em superior homenagem; 2. qadad (Hebraico – H6915) – Curvar-se, inclinar-se, abaixar-se, abaixar a cabeça com respeito e reverência; 3. cĕgid (Aramaico – H5457) – Prostrar-se em homenagem, homenagear, adorar; 4. proskyneō (Grego – G4352) – ação de ajoelhar-se ou prostrar-se para fazer uma homenagem ou reverência, seja para expressar respeito ou para suplicar. Homenagem a homens e seres de posição superior como aos altos sacerdotes judeus, a Deus, a Cristo, aos seres celestiais, aos demônios.
Qual o pano de fundo da Idolatria?
“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:9).
A idolatria vai muito mais além dos próprios relicários de artes. É uma condição em que toda a humanidade está mergulhada e não tem condições espirituais de vencer por si mesma, sem um auxílio divino, sem um libertador. Quando o ser humano se rebelou contra Deus através do pecado de nossos primeiros pais, foi quebrada a adoração e passamos a ter como centro de nossa adoração a nós mesmos.
O pano de fundo da idolatria é o grande conflito de Cristo, Seus anjos e Seus servos fiéis contra Satanás, os anjos maus e os ímpios. Vanglória e ambição egoísta constituem as bases do pecado do primeiro grande apóstata. Lúcifer era um exaltado anjo e se rebelou contra Deus semeando mentiras quanto ao caráter divino, retirando a Deus do centro de sua vida. Quando nós fazemos o mesmo estamos automaticamente entronizando o inimigo em nosso coração.
“Quando Adão pecou, o homem escapou do centro de influência do Céu. Um demônio tornou-se o poder central no mundo. Onde deveria estar o trono de Deus, Satanás estabeleceu o seu trono. O mundo apresentou suas homenagens, como uma oferta voluntária, aos pés do inimigo” (Refletindo a Cristo, Meditação Matinal, 1986, p. 43).
O que é idolatria?
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gênesis 3:1-5).
A idolatria foi introduzida no mundo quando o ser humano caiu em pecado. Em sua essência a idolatria é a substituição de Deus, Sua palavra, Suas leis e Seu sistema religioso, por qualquer outra coisa; algum conceito contrário, o desrespeito às Suas leis ou algum sistema religioso contrário ao Seu. Veja que o próprio Satanás se instalara na árvore do conhecimento do bem e do mal, como aquele que “se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Tessalonicenses 2:3, 4).
Portanto, o conceito de idolatria precisa ser entendido à luz de Gênesis 3 que nos dá as bases para o seu pleno entendimento. Por outro lado, o conceito de idolatria é bem mais profundo que a adoração ou veneração a uma imagem de escultura. De um lado encontramos a idolatria como a própria rebeldia contra Deus e do outro está a adoração como a submissão plena a toda Sua vontade. Vejamos outros textos bíblicos:
“Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando o Jordão, para a possuíres” (Deuteronômio 30:17 e 18).
“As palavras de advertência do apóstolo à igreja de Corinto, são aplicáveis a todos os tempos, e especialmente adaptadas a nossos dias. Por idolatria entendia ele não apenas a adoração de ídolos, mas o egocentrismo, o amor das comodidades e a condescendência com o apetite e paixão. Uma mera profissão de fé em Cristo, um presumido conhecimento da verdade, não tornam um homem cristão. Uma religião que busca apenas o deleite dos olhos, dos ouvidos, do paladar, ou que sanciona a condescendência própria, não é a religião de Cristo” (Atos dos Apóstolos, p. 317).
“Talvez não haja relicários visíveis por fora, e nenhuma imagem sobre a qual incida o olhar; contudo, podemos estar praticando a idolatria. É tão fácil fazer um ídolo de ideias ou objetos acariciados como formar deuses de madeira ou de pedra. Milhares têm um falso conceito de Deus e Seus atributos. Eles estão servindo tão verdadeiramente a um falso deus como o faziam os servos de Baal. Estamos adorando o Deus verdadeiro segundo é revelado em Sua Palavra, em Cristo e na natureza, ou adoramos algum ídolo filosófico entronizado em Seu lugar? Deus é um Deus de verdade. Justiça e misericórdia são os atributos de Seu trono. Ele é um Deus de amor, de piedade e de terna compaixão. Assim é Ele representado em Seu Filho, nosso Salvador. Ele é um Deus de paciência e longanimidade. Se este é o ser a quem adoramos e cujo caráter procuramos assimilar, estamos adorando o Deus verdadeiro” (Testimonies, vol. 5, págs. 173-175. Exaltai-o, Meditação Matinal, 1992, p. 144).
Quem está por detrás dos ídolos?
A idolatria em si é um sistema idealizado nos conselhos do inferno entre Satanás e seus anjos. A substituição de Cristo do centro de nossas atenções por outros tipos de deuses, imagens e conceitos, intercessores e sistemas religiosos, constitui o maior engano de todos os tempos de Satanás. Em outras palavras, todas as vezes que alguém rejeita a oportunidade de conhecimento da verdade ou permite ser seduzido pelo inimigo ou pelos encantos e prazeres deste mundo, abre as portas do coração para a idolatria e, consequentemente, está caindo no pecado da idolatria. Quando Deus diz em Sua palavra que não devemos adorar imagens de escultura, por mais que essas coisas tenham inspiração no céu, se é contrário à palavra de Deus sabemos que quem está por detrás dos ídolos tangíveis e intangíveis é o próprio Satanás.
“‘Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxodo 20:3). Não é só negando a existência de Deus, ou prostrando-se ante ídolos de madeira ou pedra, que se pode transgredir esse primeiro dos mandamentos. Por muitos que professam ser seguidores de Cristo, os princípios desse mandamento são infringidos; mas o Senhor do Céu não reconhece como filhos Seus, aqueles que abrigam no coração qualquer objeto que tome o lugar que unicamente a Deus deve pertencer. Em muitos domina a satisfação do apetite, ao passo que outros dão o primeiro lugar ao vestuário e ao amor do mundo.
“Deus nos deu nesta vida muitas coisas a que dedicar nossas afeições; quando, porém, levamos ao excesso aquilo que em si mesmo é legítimo, tornamo-nos idólatras. … Qualquer coisa que separe de Deus nossas afeições e diminua nosso interesse nas coisas eternas, é um ídolo. Os que empregam o precioso tempo concedido por Deus – tempo que foi adquirido por preço infinito – em embelezar seu lar para ostentação, ou em seguir as modas e costumes do mundo, esses não só roubam de sua própria vida o alimento espiritual, como também deixam de dar a Deus o que Lhe é devido. O tempo assim gasto na satisfação de desejos egoístas, poderia ser empregado na obtenção de conhecimentos da Palavra de Deus, no cultivo de talentos, para rendermos serviço inteligente ao nosso Criador. … Deus não participará de um coração dividido. Se o mundo absorve nossa atenção, não pode Ele reinar supremo. Se isto diminui nossa devoção a Deus, é então idolatria aos Seus olhos” (Para Conhecê-lo, Meditação Matina, 1965, p. 322).
Uma questão de escolha
“Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do SENHOR” (2 Reis 21:5).
Interessante que dentro dos lugares Santo e do Santíssimo do santuário não havia construção de outros altares, pois lá estava a presença do Senhor através da Shekinah. Satanás vai sempre onde está o adorador, e busca atingir o seu coração. A idolatria nos átrios também nos chama a atenção para a santificação e também para a pureza humana. Biblicamente o homem é totalmente impuro e não possui mérito nenhum para a salvação. Como podemos então ser aceitos na presença de Deus neste mundo de pecado, impureza e idolatria? O adorador deve ou não estar limpo de seus pecados para entrar na presença de Deus? A resposta é muito simples: o problema aqui não é a impureza em si, mas em quem confiamos para nos limpar dela.
A responsabilidade de nossas escolhas e ações pertencem somente a nós mesmos. Satanás intenciona nos levar a cometer o mesmo pecado que ele cometeu: rebelião contra as leis e governo divinos, como uma rebelião contra o próprio Deus. O grande problema da idolatria não é o ídolo em si, mas a rejeição de Deus que leva a pessoa diretamente para a adoração de si mesma, porque ela sobe ao trono do seu coração todas as vezes que retira Deus de lá. Uma das maiores expressões de adoração na nova dispensação é o batismo, porque ele representa verdadeiramente a submissão plena a Deus. É uma demonstração pública de que a pessoa está “morrendo” para o pecado e aceitando a viver em conformidade com os princípios do Reino de Deus.
Hoje, cada um de nós deve decidir a quem adorar: Jesus Cristo ou ao inimigo Satanás. No trono do viver, Cristo deve ocupar o primeiro lugar, e as demais coisas se encaixarão na devida ordem de prioridades e importância. Caso contrário, o eu irá reinar e, consequentemente nossa afeição estará voltada naturalmente para o mal. Portanto, ouçamos o que Jesus disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
Equipe Biblia.com.br