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A escravidão dos vícios

esperança

A felicidade tem sido definida como a ausência total de vícios.

O problema começa cada vez mais cedo. As palavras “sexo” e “pornô” estão entre as dez mais procuradas por crianças na internet. O ranking foi feito pela empresa de segurança Symantec, que identificou as cem principais buscas feitas durante quatro meses, por meio de seu serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que supervisiona o que as crianças e os adolescentes fazem na internet. A palavra “sexo” apareceu em quarto lugar e “pornô” em sexto.

Por esse e outros motivos, é preciso orientar as crianças com respeito ao uso da internet. Gregory Smith, vice-presidente e diretor executivo de informação do Departamento de TI da World Wildlife Fund, diz que deixar a criança diante de um computador com acesso à internet, sem qualquer tipo de monitoração, é a mesma coisa que colocá-la em uma esquina e não ficar vendo o que acontece.

A idade média em que as crianças em geral veem pornografia pela primeira vez é com onze anos de idade. Em 2013 e 2014, o psicólogo Christofer Valenço fez uma pesquisa com 1.111 jovens cristãos, com idades entre 10 e 18 anos, nos estados do Sul do Brasil. Ele pesquisou os hábitos de acesso à internet e o consumo de pornografia entre essas crianças e adolescentes. Os dados são alarmantes.

Mais de 80% dos meninos já haviam acessado conteúdos pornográficos pelo menos uma vez. Aos 12 anos, 10% deles viam pornografia uma ou mais vezes por semana. Aos 16 anos 40% faziam isso. No caso das meninas, 42% já tinham visto, sendo que 3,5% viram aos 12 anos. Com 16 anos, 11% viam uma vez por semana.

Mais de 70% dos meninos e 66% das meninas viviam em famílias estruturadas, e o acesso à internet era feito dentro de casa (eles: 64%; elas: 41%). O acesso era feito em computadores (eles: 76%; elas: 47%) e por meio de celulares (eles: 42%; elas: 35%).

Valenço analisa: “Comparando-se os dados da minha pesquisa com os de outras pesquisas gerais, pode-se concluir que os jovens cristãos pesquisados praticamente em nada diferem dos outros jovens em relação ao hábito de ver pornografia, e isso afetará a resposta sexual deles quando estiverem em seus relacionamentos. O hábito pode perdurar na vida conjugal, pois a pornografia e a relação sexual são diferentes. Os hábitos formados na adolescência têm mais facilidade de se manter por toda a vida. Muitas relações do presente e do futuro serão diretamente afetadas pela pornografia.”

Ainda segundo Valenço, a dependência em pornografia está intimamente ligada ao vício em novidades, por isso esse tipo de conteúdo na era da internet rápida tem produzido problemas que não existiam há 25 anos. “A pornografia produz o condicionamento do cérebro a novas ‘experiências’, trazendo sempre a necessidade de mais pornografia, porém, sempre de um modo diferente, pois as já vistas não produzem no usuário o mesmo nível de excitação. Isso fecha o ciclo de dependência”, explica.

Efeitos do consumo de pornografia

Um grande número de jovens consumidores de pornografia na internet está sofrendo de ejaculação precoce, ereções poucos consistentes e dificuldades de sentir desejo com parceiras reais, é o que afirma reportagem publicada na revista Psychology Today. Pesquisa feita pela Universidade de Pádua, na Itália, indicou que 70% dos homens jovens que procuravam neurologistas por ter um desempenho sexual ruim admitiam o consumo frequente de pornografia na internet.

Outros estudos de comportamento sugerem que a perda da libido acontece porque esses grandes consumidores de pornografia estão abafando a reposta natural do cérebro ao prazer. Anos substituindo os limites naturais da libido por uma intensa estimulação acabariam prejudicando a resposta desses homens à dopamina. Esse neurotransmissor está por trás do desejo, da motivação – e dos vícios. Ele rege a busca por recompensas. Uma vez que o prazer está fortemente ligado à pornografia, o sexo real parece não oferecer recompensa. Então essa seria a causa da falta de desejo em muitos homens.

William Struthers, da Faculdade Wheaton, explica que “os homens parecem ter sido feitos de tal maneira que a pornografia sequestra o funcionamento adequado de seu cérebro e tem efeito de longo prazo em seus pensamentos e vida”. Struthers é psicólogo com formação em neurociência e especialidade de ensino nas bases biológicas da conduta humana. No livro Wired for Intimacy: How Pornography Hijacks the Male Brain (Programado Para a Intimidade: Como a pornografia sequestra o cérebro masculino), ele se vale da neurociência para explicar por que a pornografia é uma grande tentação para a mente masculina. “A explicação mais simples da razão por que os homens veem pornografia (ou procuram prostitutas) é que eles são levados a procurar intimidade”, explica ele. O impulso para obter intimidade sexual foi dado por Deus e é essencial para os homens, reconhece ele, mas é facilmente mal direcionado. Os homens são tentados a buscar “um atalho para o prazer sexual por meio da pornografia” e acham que dá para se acessar esse atalho com facilidade.

Num mundo de pecado (este campo de batalha), a pornografia se torna mais do que uma distração e uma distorção da intenção de Deus para a sexualidade humana. Torna-se um veneno viciante. Struthers explica: “Ver pornografia não é uma experiência emocional ou fisiologicamente neutra. É fundamentalmente diferente de olhar para fotos em preto e branco do Memorial Lincoln ou olhar um mapa colorido das províncias do Canadá. Os homens são reflexivamente atraídos para o conteúdo de material pornográfico. […] [A pornografia] atua como uma combinação de múltiplas drogas.”

Segundo Struthers, quando o homem vê imagens pornográficas, essa experiência cria novos padrões na programação do cérebro, e experiências repetidas formalizam a programação. “Se eu tomo a mesma dose de uma droga repetidas vezes e meu corpo começa a tolerá-la, precisarei tomar uma dose mais elevada da droga a fim de que tenha o mesmo efeito que tinha com uma dose mais baixa, na primeira vez”, explica o psicólogo.

Como identificar o vício sexual

Se você observar em si mesmo, em seu cônjuge ou em algum amigo ou familiar duas, três ou mais das seguintes condutas, poderá estar diante de um caso de vício sexual. Deverá falar com a pessoa de maneira calma, sem a­­cusações e com disposição para ajudar:

  1. Insiste em ficar diante do computador ou da televisão quando não há ninguém em casa ou todos estão dormindo.
  2. Mantém uma maleta, mochila, gaveta ou armário com chave e ninguém da família ou do trabalho pode ter acesso.
  3. Olha prolongadamente para as pessoas do sexo oposto quando passa por elas.
  4. Recebe débitos de cartão de crédito para os quais não pode dar explicação.
  5. Chega muito tarde do trabalho ou se ausenta mais do que o necessário, justificando com viagens ou motivos profissionais.
  6. Quando está na internet e alguém se aproxima, muda rapidamente de tela.
  7. Não pratica sexo com o cônjuge ou deseja isso de formas extravagantes.
  8. Demonstra estar distante emocionalmente de seu cônjuge.
  9. Parece estar ausente e distraído, mesmo nos momentos mais íntimos.
  10. Demonstra mudança no estado de ânimo e apresenta comportamento brusco e ameaçador.

Como superar o vício do sexo

O processo psicológico é semelhante a qualquer outro vício e muitos dos conselhos para a dependência química são também válidos para o vício do sexo:

  1. O primeiro passo é admitir o problema e mostrar disposição para corrigir esse comportamento.
  2. Pro­­curar apoio de outra pessoa. A melhor pessoa é o cônjuge do viciado (sob a orientação de um especialista). Se isso não for possível, então um amigo ou familiar íntimo.
  3. Estar sempre sob vigilância (não ficar sozinho por muito tempo; continuar as atividades planejadas).
  4. Manter a sobriedade sexual absoluta: sexo somente com o cônjuge.
  5. Fazer uso de mecanismos estruturados de ajuda: bloquear certos ambientes da internet e limitar o tempo de acesso.
  6. Planejar atividades de recreação, preferencialmente ao ar livre e em locais diferentes do habitual.
  7. A tendência pode ter sua origem em um abuso sexual na infância ou em uma infância conturbada. Nesse caso, o plano de reabilitação deve vir acompanhado da psicoterapia formal, para se aprofundar em assuntos do passado e eliminar os conflitos.
  8. Para a pessoa que dará apoio: seja compassivo e trate o viciado como uma pessoa doente, que precisa se re­­cuperar. Ela precisa aceitar sua responsabilidade. Uma vez aceita e aplicada, não deve ser recriminada ou criticada excessivamente por sua conduta inaceitável. Ela precisa de compreensão, simpatia e apoio.

Círculo vicioso

A felicidade tem sido definida como a ausência total de vícios. E não nos referimos somente aos vícios com drogas “pesadas” ou “ilegais”, sexo compulsivo e jogos de azar. Existem substâncias comuns que também viciam, como bebidas alcoólicas, cigarro e café. Essas substâncias são denominadas psicoativas porque afetam a função mental. Inclusive existem viciados em artigos corriqueiros sobre dieta, medicamentos ou exercício físico.

O cír­culo vicioso das drogas é muito perigoso, quer sejam legais ou ilegais, com componentes químicos ou não, ocasionando prejuízo para a saúde ou não. Todos os vícios tiram a liberdade dos que sofrem dessa dependência. Além do mais, causam riscos muito sérios:

Dependência – As drogas ou a dependência química criam o desejo de reincidir no seu uso. E quanto mais se satisfaz esse desejo, maior ele se torna.

Tolerância – O usuário da droga precisa de doses cada vez maiores para alcançar efeitos semelhantes aos anteriores.

Síndrome de abstinência – Pode ser psicológico: uma inquietação extrema por não poder ter acesso à droga ou realizar a conduta desejada.Também pode ser físico, pelo fato de o organismo estar habituado à substância e não conseguir a dose. Os sintomas de abstinência apresentados são: insônia, agitação, palpitações, suor, náusea, vômitos, etc.

Efeito sobre o cérebro (nos viciados químicos) – As drogas atacam o sistema nervoso central. Quando esse tipo de substância chega ao cérebro, várias funções vitais são alteradas e a pessoa se torna incapaz de realizar atividades mentais simples. Quando o consumo é prolongado, podem acontecer lesões irreversíveis.

Os três primeiros riscos não têm relação somente com os vícios químicos, mas também com os de conduta. O viciado em pornografia, por exemplo, sente um fortíssimo desejo de repetir o ato. Após determinado tempo, as imagens usadas não são suficientes e ele precisa de imagens mais fortes ou obscenas. A falta ou indisponibilidade das imagens produzirá no viciado grande inquietação ou frustração.

Como prevenir os vícios

A maioria dos vícios, especialmente por substâncias, tem seu início na fase juvenil e na adolescência. Por isso, os esforços preventivos devem ser focalizados nessas idades. Desde os primeiros anos de escola, as crianças devem receber instruções sobre as drogas e seus riscos. Os programas escolares devem ter espaço para palestras e seminários com pessoas relevantes (ex-drogados, médicos, advogados, psicólogos, policiais, assistentes sociais, etc.).

Como princípio, todas as escolas e outras instituições de ensino deveriam ser declaradas áreas livres de drogas, adotando medidas para evitar que se transformem em centros de tráfico e iniciação à droga.

Os pais das crianças e jovens têm também responsabilidade na prevenção, e devem falar sobre o problema, adotando as seguintes estratégias:

  • Ter uma postura definida com respeito às drogas e aos vícios.
  • Formar autoestima saudável nos filhos.
  • Manter o lar seguro e estável.
  • Demonstrar flexibilidade nas opiniões e condutas, mas com limites definidos.
  • Dar exemplo irrepreensível no que se refere aos vícios.

As autoridades também têm um papel importante na educação contra os vícios e em favor da saúde total: programas atrativos e sugestivos, uso de precauções legais (por exemplo: rótulos indispensáveis nas bebidas alcoólicas e no cigarro), normas que regulam a venda e distribuição, etc. É extremamente importante reprimir o tráfico de drogas em colégios, instituições e locais frequentados por crianças e jovens.

Quanto aos demais vícios (trabalho, sexo, jogo), eles podem sobrevir em idade adulta. É indispensável relembrar que, tanto nesses vícios quanto nas dependências químicas, um quadro de ansiedade é frequentemente acrescentado ao problema. Por essa razão, uma forma de prevenir a adesão a um vício é evitar ou vencer a ansiedade.

Como vencer os vícios

Está comprovado que não se consegue abandonar os vícios de forma individual. O viciado precisa de apoio social, profissional e espiritual. Por isso, os conselhos apresentados aqui são especialmente dirigidos à família ou ao sistema de apoio do viciado:

  • Se já foram feitas muitas tentativas para deixar o vício, sem êxito, deve-se insistir com o viciado para que pro­cure um centro de reabilitação.
  • Apoie o plano estabelecido pelo centro ou profissional qualificado. Confie no tratamento e incentive a pessoa viciada (filho, cônjuge, amigo, etc.).
  • Evite a superproteção. É uma grande tentação proteger as pessoas que amamos, mas nessas cir­cunstâncias é necessário manter firmeza no que se refere ao tratamento.
  • Recompense suas vitórias, pois o viciado precisa de reforços externos para alcançar novos objetivos. Podem ser alimentos, filmes, passeios, jogos, livros, visitas, etc., de acordo com a preferência e as cir­cunstâncias.
  • Prepare um ambiente calmo, saudável e adequado e pro­cure por todos os meios manter o viciado distante do ambiente que facilita o vício (locais, pessoas, objetos, etc.), que são um convite ao seu uso, pois os estímulos podem levá-lo a uma recaída.

Os grupos de autoajuda têm demonstrado ser excelentes métodos de ­cura e de como se manter sóbrio. Por exemplo, os alcoólicos anônimos (AA), narcóticos anônimos (NA), jogadores anônimos (JA) e os dependentes de amor e sexo anônimos (DASA) conseguem um grande índice de êxito entre seus participantes. Os viciados, unidos a outras pessoas que sofrem do mesmo problema, lutam com maior persistência.

É necessário reconhecer que o domínio dos vícios é tão grande que somente com ajuda do poder divino muitos conseguem alcançar a vitória. O êxito dos alcoólicos anônimos (AA) deve-se em parte ao apoio humano, demonstrado pela experiência de ex-dependentes, e ao apoio de Deus, que é aceito por aqueles que com fé estão dispostos a recebê-lo.

Após alcançar a vitória, a luta não acaba, pois o risco de recaída é altíssimo. Por isso, é importante planejar ­cuidadosamente o retorno à normalidade, observando os seguintes itens:

Emprego – O reabilitado precisa de um novo emprego, com novos companheiros e com o firme propósito de se adaptar, sem fazer mudanças.

Ambiente social – O reabilitado precisa também, durante um período prolongado, de alguém que continue observando com atenção e firmeza seu ambiente. Deve se relacionar com pessoas que saibam desfrutar a vida sem fazer uso de substâncias químicas ou outros vícios, com simplicidade e naturalidade.

Lazer – O tempo livre é o mais perigoso para a recaída e deve ser planejado cuidadosamente, incluindo exercícios físicos, atividades ao ar livre, esportes, etc., evitando sempre bares, salões de jogos e outros ambientes em que a vontade possa ser estimulada.

Vida espiritual – O componente espiritual também é fundamental na reintegração. A vida de vícios pertence agora ao passado e a pessoa deve começar uma nova vida. A culpa, que é comum nos ex-viciados, encontra perdão em um Pai amoroso. E, quanto ao futuro, Deus promete proteção e apoio contínuos.

Uma promessa maravilhosa de Deus para aqueles que lutam contra vícios é esta: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei” (Isaías 41:10).

 

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Infográfico Escravos dos vícios

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Fonte: O Poder da Esperança, pgs. 57-64.

Sentimentos de culpa
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