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trindade

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A divindade de Cristo é confirmada nas mais antigas pregações cristãs, sob os termos ‘Senhor e Cristo’ (At 2.36, cf. 4.12 – 5.31 – 10.36, etc.) – e a mais antiga epístola de S. Paulo já concentrou esta fé no significativo título ‘o Senhor Jesus Cristo’ (1 Ts 1.1,3 – 5.23,28). A mais característica expressão, dada a esta crença, é a designação de ‘Filho de Deus’ aplicada a Cristo, não somente pela Sua missão divina (Mc 1.11 – cf Sl 2.7), mas também pela Sua divina natureza, envolvendo as verdades da Sua preexistência e encarnação. E é digno de nota que o único exemplo daquele título, no livro dos Atos, acha-se em conexão com a primeira pregação do convertido Saulo de Tarso (At 9.20). o sentido é messiânico (cf. o seu equivalente termo no vers. 22, ‘o Cristo’). A visão, que Saulo teve na estrada de Damasco, tinha-o convencido de que Jesus, o Messias, era uma pessoa divina. E por isso a expressão ‘Filho de Deus’ alcançou, para ele, uma nova significação. Logo nos primeiros dos seus escritos aparece, sem ser coisa imposta, a natural linguagem de um fato admitido (1 Ts 1.10 – Gl 1.16 – 2.20 – 4.4,6 – 1 Co 1.9 – 15.28 – 2 Co 1.19 – Rm 1.3,4,9 – 5.10 – 8.3,29,32 – Ef 4.13). Em nenhuma parte S. Paulo apresenta uma doutrina específica acerca da pessoa de Cristo, mas as citadas passagens (especialmente Rm 8.3 – Gl 4.4 – 1 Co 15.28, e também 1 Co 8.6 – 2 Co 4.4 – 8.9 – Fp 2.6 a 11 – Cl 1.13 a 19), claramente mostram que, para ele, ‘era Cristo um Ser verdadeiramente único, que, antes de vir ao mundo, partilhava da divina natureza e glória, e que depois, na Sua sublime ressurreição, foi simplesmente ocupar, de um modo maravilhoso, a dignidade que corresponde à Sua essência e direitos inerentes. E não se torna necessária uma circunstanciada prova de que esta maneira de ver, a respeito de Cristo, foi aceita e desenvolvida pelos outros escritores do N.T.’ o próprio tema do autor da epístola aos Hebreus é a necessária finalidade de uma revelação pelo ‘Filho de Deus’ (Hb 1.1 a 4, e passim) – o prólogo ao evangelho de S. João, com a sua proclamação do ‘Verbo’ feito carne, e a mensagem de Deus aos homens por meio do ‘unigênito do Pai’, prepara-nos para a elevada Cristologia de todo o evangelho e da primeira epístola. Sem referência a quaisquer contestadas passagens, pode de um modo decisivo mostrar-se que Jesus possuía a qualidade divina para os escritores do N.T. Eles conservavam fortemente o monoteísmo da religião hebraica: para eles havia ‘um só Deus’ (Rm 3.30 – 1 Co 8.6 – Gl 3.20 – Ef 4.6 – 1 Tm 2.5 – Tg 2.19) – mas também havia ‘um só Senhor’ (1 Co 8.6 – Ef 4.5) de tal modo essencialmente relacionado com Deus, em tudo o que se refere aos homens, que a bênção apostólica toma naturalmente a forma dual: ‘a todos os amados… Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo’ (Rm 1.7 – 1 Co 1.3 – 2 Co 1.2 – Gl 1.3 – Ef 1.2 – Fp 1.2 – 1Ts 1.1 – 2Ts 1.2 – 1Tm 1.2 – 2Tm 1.2 – Tt 1.4 – Fm 3). Além disso, a história da igreja cristã tem o seu princípio no dia de Pentecoste, com o derramamento do Espírito Santo, ‘a promessa do Pai’, anunciada por Jesus (At 1.4 – 2.33 – Lc 24.49). Não é nosso propósito pormenorizar aqui o ensino do N.T. a respeito do Espírito. Falando, porém, no sentido lato, a operação de Deus no mundo, para santificar e fortalecer os homens, é atribuída ao Espírito – ora o Espírito é Deus, operando no mundo. Dois pontos necessitam de especial menção: (1) Nas passagens que acabamos de citar, o dom do Espírito está em íntima conexão com a elevação de Cristo. Foi em virtude de Jesus ter passado pela morte para o Seu lugar à mão direita de Deus, que ao homem é possível uma vida divina, cheia de energias do Espírito. É isto confirmado pela doutrina do quarto evangelho – ‘o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado (Jo 7.39) – ‘Mas eu vos digo a verdade: Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros ‘o Paracleto, isto é, o advogado, auxiliador’ – se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei’ (16.7 – cf 14.16,26 – 15.26). isto é apenas outra ilustração do que já se disse com respeito à deificação de Jesus, tendo-se mostrado que a expressão ‘Espírito de Deus’ pode ser trocada por qualquer destas ‘Espírito de Jesus’, ‘Espírito de Cristo’, ‘Espírito de Jesus Cristo’ (At 16.7 – Rm 8.9 – Fp 1.19), e que em 1 Jo 2.1, o próprio Jesus Cristo é o ‘Paracleto’. (2) Ao lado da doutrina pela qual o Espírito parece identificar-se com a operação de Deus, ou de Cristo na Sua exaltação, achamos uma concepção que distingue do Pai e do Filho o Espírito Santo. Esta idéia está encerrada nas passagens já apontadas, e acha desenvolvimento nos ensinos de S. Paulo – se não é isso numa consistente doutrina, é-o pelo menos numa quase personificação do Espírito. A Sua operação na alma dos crentes é um trabalho pessoal (1 Co 2.13 – 12.11 – Rm 8.9, 14, 16, 26). Ele é igualado com Deus o Pai, e com Cristo, o Senhor (1 Co 12.4 a 6 – Ef 4.4 a 6). A habitual bênção dual, que já citamos, não completa a concepção de Paulo com respeito à Divindade – uma vez somente ele dá inteira expressão à sua fé com a triplicada fórmula, hoje tão familiar, ‘A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós’ (2 Co 13.13 – cf. a fórmula batismal de Mt 28.19). São, pois, estes os dados para a doutrina da Trindade: o reconhecimento de um só Deus, sendo feita, contudo, a distinção, dentro da Divindade, entre Pai, Filho, e Espírito. o problema quanto à existência de três em um só não se acha mesmo formulado no N.T., e muito menos resolvido. Tertuliano (c. 200 d.C.) foi o primeiro que fez uso do termo Trindade, que não entrou em qualquer credo, antes do chamado ‘Credo de Sto. Atanásio’ (no quinto século), um formulário de desconhecida autoria, grandemente influenciado pela teologia de Sto. Agostinho (De Trinitate, c. 415 d.C.). A descrição das longas controvérsias, pelas quais foram alcançadas as elaboradas definições deste credo, pertence à história da doutrina. São simples e muito antigas as afirmações do ‘Credo dos Apóstolos’, envolvendo de um modo geral a crença pré-nicena e a do credo adotado no Concíl