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daniel (livro de)

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Conteúdo. o livro acha-se dividido em duas partes: (i) histórica (1 a 6), e (ii) profética (7 a 12). Na primeira parte fala-se de Daniel na terceira pessoa – na segunda parte (à exceção de preliminares notícias, 7.1 a 10.1), é ele próprio o narrador. (i) Daniel e seus companheiros na corte de Nabucodonosor (1) – o sonho do rei com respeito à grande imagem, simbolizando quatro reinos (2) – a fornalha de fogo (3) – o sonho de Nabucodonosor em que foi vista uma grande árvore, sendo esta interpretada na sua destruição como figura da loucura do imperador (4) – o banquete de Belsazar (5) – Daniel na cova dos leões (6). (ii) Visão dos quatro grandes animais que subiam do mar – o seu juízo diante do ‘Ancião de dias’, e a entrega do reino a ‘um como o Filho do homem’ (7) – visão do carneiro com dois chifres, o qual foi ferido pelo bode, que tinha um chifre insigne entre os olhos – quebrado este chifre, dele saíram quatro outros chifres, e de um destes um chifre mui pequeno, que se tornou grande e perseguiu os santos (8) – a Daniel é dada a compreensão da profecia de Jeremias (Jr 25.12 e 29.10) quanto aos setenta anos das ‘idolatrias’ de Jerusalém (9) – Daniel, depois do jejum e do luto, teve ainda outras visões (10 a 12). A interpretação das visões tem sido assunto de viva controvérsia. o anjo Gabriel explica a visão do cap. 8, tornando-se a sua aplicação histórica um assunto simples. o império dos persas, estabelecido por Ciro, durou de 538 até ao ano 333 a.C., em que foi destruído por Alexandre Magno na batalha de issus. Da idade de trinta e dois anos (em 333) morreu este conquistador (o simbolizado chifre quebrado), que havia estabelecido domínio quase universal – e não tendo deixado herdeiro, foi o seu grande império repartido entre os seus generais. Depois de vinte anos de rivalidades e lutas, estabeleceram-se quatro reinos: Macedônia e Grécia, Trácia e Bitínia, Egito e Síria, sendo dada a parte oriental com a Babilônia a Seleuco. Por esta razão viveu a Judéia sob o governo dos reis selêucidas – destes, foi Antíoco Epifanes o nono (175 a 164 a. C.), que está na profecia figurada pelo ‘pequeno chifre’. As suas perseguições aos judeus resultaram numa revolta, chefiada por Judas Macabeu, e na reconsagração do templo (em 165), cerca de três anos depois da sua profanação. Antíoco morreu alguns meses mais tarde. Pode, então, deduzir-se que, como a clara predição do cap. 8 se acha repetida e desenvolvida na parte restante do livro, antecipa-se ele nas profecias do mesmo gênero, porém mais obscuras, dos caps. 7 e 2, e que os reinos da Média, Pérsia e Grécia estão também compreendidos nos quatro simbolizados pelos animais e pela imagem. Além disso, o primeiro dos quatro é o do próprio Nabucodonosor, isto é, Babilônia (2.38). Chegado a este ponto, dividem-se expositores. Serão a Média e a Pérsia um só império, fundado por Ciro, e simbolizado pelo carneiro de chifres mais compridos e mais curtos ? Se for assim, a Grécia é o terceiro, e o quarto naturalmente acha-se identificado com o império de Roma, tendo passado para os domínios romanos o império fundado por Alexandre Magno. Desta interpretação derivam diversas interpretações a respeito dos dez reinos (os dedos dos pés da imagem, cap. 2 e os chifres do quarto animal, cap. 7), em que havia de dividir-se o império romano. A pequena ponta do cap. 7.8, 20, 21,25 é, também muitas vezes, identificada com o papado. A interpretação do quarto reino está em estreita conexão com a controvérsia que diz respeito à DATA e autoria do livro. Se, em conformidade à invariável tradição dos judeus e da igreja cristã, o livro foi escrito por Daniel em Babilônia, então não somente é certa a historicidade dos caps. 1 a 6, mas também são maravilhosas as predições concernentes a Antíoco Epifanes, anunciadas quatro séculos antes do acontecimento. Em favor de tal DATA há várias razões: (1) a de ter o livro o seu lugar no Cânon. Ele foi recebido como Escritura Santa no tempo dos Macabeus (*veja 1 Mac 2.59,60) – e diz Flávio Josefo que as suas profecias foram apresentadas a Alexandre Magno na ocasião da sua chegada a Jerusalém. o livro está na versão dos Setenta do A.T., havendo começado essa tradução cerca do ano 280 a. C. (2) o testemunho de Jesus Cristo (Mt 24.15). (3) o testemunho da igreja cristã. Porfírio, um escritor pagão (233 a 302 d.C.) pela primeira vez atacou as qualidades proféticas de Daniel, e S. Jerônimo tratou das suas objeções. (4) os pormenores e colorido da narrativa nos impressionam de tal maneira que somos levados a julgar esse livro a obra de um contemporâneo. Todavia, o valor religioso do livro, a sua revelação do plano de Deus, a sua promessa da vinda de Cristo, e todas as lições morais e espirituais, que a igreja, em todos os tempos, tem recebido por meio das suas páginas, devem julgar-se independentes de qualquer conclusão sobre o tempo em que foi escrito e a respeito do seu autor.