Sou Cristão e Militar
bíblia
Sou militar. Como fica minha situação perante Deus se eu for assaltado e, ao reagir, tirar a vida do bandido?
Se Deus se importa com os passarinhos, Ele não se importaria também com os seres humanos que foram criados por Ele à Sua imagem e semelhança? (Gênesis 1:26, 27; cf. Mateus 6:26). Partimos do ponto de vista bíblico de que a vida humana é sagrada e que ela deve ser protegida e preservada.
Ao escolher Israel como o povo da aliança Deus concedeu leis justas para que elas protegessem o direito de propriedade e da vida. A nação deveria se desenvolver e prosperar seguindo as orientações divinas. A violação da lei demandava aplicação de penas ao infrator, que poderia ser a restituição, reparação ou pena capital (dependendo do crime), em um sistema teocrático. Hoje o sistema de governo na maioria dos países é democrático, mas ressaltamos que do ponto de vista bíblico a autoridade e o poder do Estado derivam de Deus que, em Sua soberania, permite que uma nação seja legislada e liderada por pessoas que foram investidas de autoridade. O diálogo de Jesus com Pilatos revela essa perspectiva: “Respondeu Jesus: ‘nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem’” (João 19:11; cf. Romanos 13:1-6). Lamentavelmente há situações de abuso de poder, ditadura, tirania e corrupção. Mas somos instruídos de que um dia haverá uma prestação de contas no tribunal divino, onde “todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” serão trazidas à juízo (Eclesiastes 12:14). Portanto, Deus nos ensina claramente: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: ‘A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor’” (Romanos 12:19).
Sendo que ao Estado, em todas as suas esferas, incluindo ao seu legítimo governante, foram conferidos poder e autoridade para legislar e governar (Romanos 13:1-6), os cristãos devem ser submissos às leis civis, desde que estas não sejam contrárias às leis de Deus: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29). Vendo as coisas por este prisma, compreendemos que os militares estão à serviço do Estado e devem atuar para zelar pelo direito dos indivíduos, que inclui o direito de propriedade e o direito à vida, entre outros. Os militares devem atuar em conformidade com as leis que refletem o mandamento divino de preservação da vida (Êxodo 20: 13), portanto, devem agir pacificamente e buscar soluções pacíficas. No entanto, nem sempre isso é possível. Quando pessoas inocentes estiverem em perigo (diante de uma ameaça real), é preciso defendê-las, e a força militar é um recurso necessário. A Bíblia nos ensina claramente qual deve ser a nossa conduta em situações de possíveis conflitos:
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15:1).
“Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (Mateus 5:39-41).
“Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo” (Lucas 6:35).
Se essas orientações fossem seguidas, possivelmente muitos males maiores seriam evitados. Mas mesmo adotando uma conduta pacífica, podem ocorrer situações de violência e de risco aos direitos e à vida de inocentes. De qualquer forma se faz necessário em nossa sociedade a atuação preventiva e ostensiva do policiamento a fim de fiscalizar comportamentos, atividades, manter a ordem pública, reprimir crimes, contravenções e zelar pelo respeito dos indivíduos à legislação.
Paulo declarou: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado” (1 Timóteo 1:8-11).
Infelizmente ocorrem confrontos entre bandidos e militares, podendo resultar em morte de ambas partes e de civis. Ressaltamos que sempre se deve buscar soluções pacíficas. Há, porém, situações em que isso não é possível. Sendo que o policial está à serviço do Estado e recebe treinamento militar apropriado, ele deve ser fiel e íntegro em sua conduta profissional, não violar a própria consciência e seguir as orientações de Jesus: “Também soldados lhe perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-vos com o vosso soldo” (Lucas 3:14).
Como cristãos, devemos viver como Cristo viveu, sendo promotores da paz, servindo e atendendo às necessidades das pessoas. Há cristãos militares que são verdadeiros exemplos de conduta e retidão. Que continuem seguindo o amorável exemplo de Cristo!
Equipe Biblia.com.br