Arqueólogos contestam o Êxodo bíblico
deus
Os críticos baseiam sua incredulidade no argumento do silêncio.
Desde muito tempo, o Êxodo tem sido alvo de calorosas discussões nos meios acadêmicos e, principalmente, arqueológicos. A história do povo de Israel é tratada em livros de arqueólogos famosos, tais como Israel Finkelstein, ex-diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade Tel Aviv – Israel, embora ele confirme que as migrações de Canaã para o Egito são bem documentadas pela arqueologia e por textos da época. Para muitos habitantes de Canaã, região periodicamente sujeita a severas secas, a única saída era ir para o Egito. Pinturas e textos egípcios testemunham a presença de semitas no delta do Nilo.
Mesmo entre os judeus, às vezes escapa uma declaração tal como a do rabino (líder religioso do judaísmo) David Wolpe, de Los Angeles, que fez a seguinte afirmação: “A forma como a Bíblia descreve o Êxodo não é como aconteceu realmente, se aconteceu.” Nessa ocasião Wolpe estava perante dois mil adoradores no Conservative Sinai Temple (Templo Conservador de Sinai), e sua fala foi divulgada na primeira página do Los Angeles Times. O artigo intitulado “Duvidando da história do Êxodo” afirma que a arqueologia contesta a validade do evento na Bíblia. Contudo, o professor de estudos bíblicos da Universidade de Brandeis, Nahum Sarna, diz que o relato do Êxodo não pode, de modo algum, ser uma peça de ficção. “Nenhuma nação inventaria para si mesma uma tradição assim tão inglória, a menos que houvesse um núcleo verídico”, afirma.
Embora a arqueologia tenha encontrado muitos objetos que ajudaram no estudo de muitas civilizações antigas, muito também não foi achado por causa de guerras que destruíram preciosidades, como explica o Pós-Doutor Arqueologia Bíblica pela Andrews University e Doutor em Arqueologia Clássica pela USP, Rodrigo Silva. “Os críticos baseiam sua incredulidade no argumento do silêncio. Uma vez que não encontraram em Babilônia nenhuma inscrição cuneiforme contendo o nome de Daniel, nem no Egito um hieróglifo que trouxesse o nome de Moisés, concluem que esses sejam personagens fictícios. Mas eles mesmos se esquecem que vários vultos da antiguidade, eu diria até, a maioria deles não têm documentos contemporâneos à sua época que atestem sua existência. Muitos documentos se perderam com o tempo e muitas bibliotecas foram permanentemente destruídas, como as de Alexandria e Constantinopla”, comenta.
Segundo Silva, “a pobreza de documentos não é um problema de historicidade bíblica, mas da própria antiguidade como um todo. Os documentos antigos, como a Bíblia, deveriam ser mais considerados, pois são, nalguns casos, a única fonte informativa que dispomos daquela época”, acrescenta. Esse ponto é importante se for entendido que a maioria das inscrições no mundo antigo obedece a uma ordem do dia: glorificar as ações do rei e seu poder militar.
O Museu britânico em Londres exibe inscrições das paredes do palácio do imperador assírio Sancheriv. São cenas de campanhas militares de Sancheriv do século 8 a.C., descrições gráficas de decapitações de inimigos destruídos. O próprio Sancheriv é pintado como sendo maior do que a vida. Mas um elemento está faltando nas inscrições: não há nenhum assírio morto. Acontecimentos negativos, fracassos e falhas não eram registrados. Quando uma nação sofria uma derrota desagradável, ela encobria os enganos e destruía as evidências. Essas implicações têm influência sobre o Êxodo: Estariam os egípcios interessados em preservar o registro de que o Deus de um povo escravo arrasou o Egito enviando pragas e destruindo o faraó e todo seu exercito afogados?
Embora, não se possa falar de “provas” inequívocas sobre o Êxodo, evidências encontradas não deixam o relato bíblico na escuridão. Em 1887, foi achado um depósito de tabletes de argila em escrita cuneiforme, em Luxor e Cairo, no Egito, contendo correspondência diplomática entre o faraó Amenófis III e IV com os reis de cidades na Ásia ocidental, incluindo Síria e Palestina. O rei de Jerusalém, Abdi-Heba, envia cartas a Amarna, no Egito, pedindo ao faraó ajuda contra os hapiru que estavam invadindo Canaã. A carta data do século 14 a.C., e o termo hapiru se refere aos hebreus que estavam conquistando as terras de Canaã, conforme descreve a Bíblia.
Outro argumento forte a favor do Êxodo foi a descoberta de um diário egípcio chamado Ipuwer, em 1820, no Egito. Ele foi levado para o museu da Universidade de Leiden, na Holanda, onde ainda permanece. O escritor antigo lamenta o estado do Egito e diz numa carta endereçada ao faraó: “Os estrangeiros [hebreus?] vieram para o Egito, (eles) têm crescido e estão por toda a parte [lit. ‘em todos os lugares, eles se tornaram gente’], o Nilo se tornou em sangue, (as casas) e as plantações estão em chamas, a casa real perdeu todos os seus escravos, os mortos estão sendo sepultados pelo rio, os pobres (escravos hebreus?) estão se tornando os donos de tudo, os filhos dos nobres estão morrendo inesperadamente, o (nosso) ouro está no pescoço (dos escravos?), o povo do oásis está indo embora e levando as provisões para o seu festival (religioso?).”
As declarações são muito semelhantes à descrição de Êxodo 7:14-24: pragas arrasando o Egito e escravos deixando o país carregados de ouro e outras riquezas. Esse testemunho e outros, mostram que é possível “desenterrar” a fé na historicidade da Bíblia por meio de achados arqueológicos, como diz Millar Burrows, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos: “Em muitos casos, a arqueologia tem refutado as opiniões de críticos modernos. Ela tem demonstrado em vários casos que essas opiniões repousam sobre pressuposições falsas e esquemas irreais e artificiais de desenvolvimento da história. Essa é uma contribuição real, que não deve ser minimizada.”
Equipe Biblia.com.br
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Fonte: Criacionismo