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Natureza humana de Jesus: Ele foi tentado sexualmente?

Jesus Cristo

Podemos dizer que Jesus foi tentado na mesma essência em que Adão e Eva foram tentados no jardim e na mesma essência em somos tentados hoje. A essência da tentação do inimigo é fazer com que coloquemos a nossa própria vontade acima da vontade de Deus.

Algumas pessoas, com base em Hebreus 4:15 e Romanos 8:3, acreditam que Jesus tenha sofrido todo tipo de tentação igual as que enfrentamos. Consideremos os textos:

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4:15).

Note que o texto não diz que Ele foi tentado em todas as coisas “igual” a nós. Sabemos que “semelhante” (da raiz grega homoios), tanto em grego como em português é semelhança, não igualdade. Então pode surgir a pergunta: “Se Cristo não foi tentado nas mesmas coisas em que somos tentados, como Ele pode compreender as lutas que enfrentamos na carne?”

Podemos dizer que Jesus foi tentado na mesma essência em que Adão e Eva foram tentados no jardim e na mesma essência em somos tentados hoje. A essência da tentação do inimigo é fazer com que coloquemos a nossa própria vontade acima da vontade de Deus. Essa foi a essência da tentação de Eva no Éden. Ela desconfiou da Palavra de Deus, colocou seu desejo e sua vontade acima da vontade de Deus. Quando Jesus esteve aqui na Terra, em Sua humanidade Ele foi tentado a desconfiar de Sua filiação divina e a colocar Sua vontade humana acima da vontade do Pai.

Porém, é preciso fazer uma observação muito importante sobre a singularidade de Jesus e Sua missão. Jesus era distinto, pois nEle não havia corrupção interior. Nós seres humanos, por causa do pecado de Adão, herdamos em nosso DNA a natureza infectada pelo pecado (Romanos 5:12). Ao nascermos, mesmo sendo um belo bebê, já nascemos com natureza pecaminosa, corrupção moral inata. Não herdamos a culpa de Adão, mas sim uma natureza corrompida. Jesus era diferente. Ele teve um nascimento sobrenatural, foi um milagre de Deus. Quando o anjo Gabriel orientou Maria sobre o nascimento de Jesus ele disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isto, também o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35 – grifos acrescentados).

1) A encarnação de Cristo é um mistério; nEle, duas naturezas foram combinadas – a natureza humana (filho de Maria) e a natureza divina (Espírito Santo). Como filho de Maria, estava ligado à humanidade, tendo assumido a natureza humana afetada pelo pecado, por cerca de 4 mil anos. Nesse sentido Ele possuía as limitações de um homem, como fome, frio, sede, cansaço, sono, fraqueza, e estava sujeito à morte. Por outro lado, Jesus em Sua encarnação era Deus pleno (João 1:1; Colossenses 2:9); Sua divindade fora velada na humanidade (João 1:14; Filipenses 2:5-8); Cristo revestiu-se da humanidade. Embora Sua natureza tenha sido afetada pelo pecado, Ele não tinha sido “infectado”, ou seja, nEle não havia corrupção moral, ou qualquer propensão para a maldade. Jesus é chamado de “último Adão” (1 Coríntios 15:45). Onde o primeiro Adão havia caído, devia Jesus ser vitorioso. Ele veio nas condições de Adão antes da queda, mas com a desvantagem de uma natureza humana muito mais limitada, mas não infectada pelo pecado. Os plenos poderes de Sua divindade não deveriam ser utilizados.

2) A missão de Cristo era única, e se Ele tivesse participado da condição do pecado, Ele estaria totalmente desqualificado para a obra de redenção que faria. “Se a lei se estendesse apenas à conduta exterior, os homens não seriam culpados por seus pensamentos errados, desejos e desígnios. Mas a lei requer que a própria alma seja pura e a mente santa, que os pensamentos e sentimentos possam estar de harmonia com a norma do amor e justiça”.1

Tendo em vista a realidade do pecado que infecta a todos os demais membros da espécie humana, Cristo foi livre de todo o egoísmo e pecado. Ele foi inocente e puro. Nele nunca houve imperfeição, egoísmo, mácula ou mancha do mal. Caso tivesse qualquer imperfeição, Ele não poderia ser o nosso redentor.

A identidade de Cristo era única, “o monoguenes de Deus, o único do Seu tipo, exclusivo, singular, ‘um ser santo’ (Lucas 1:35), que, em relação ao pecado, está separado e distinto de todos membros da espécie humana. […]”2 Sua missão era também exclusiva e única. “Para ser nosso Salvador e oferta pelo pecado, Cristo deveria ser, como afirma Hebreus 7:26, ‘puro, santo, imaculado, separado dos pecadores.’”3

Algumas pessoas compreendem de forma equivocada o texto de Romanos 8:3 que diz:

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hebreus 4:15).

A partir desse texto, alguns intérpretes afirmam que Jesus herdou natureza pecaminosa como a de Adão depois da queda. Ora, como vimos anteriormente, se Jesus tivesse qualquer propensão para o mal ou participado da condição pecaminosa do homem, Ele não poderia ser o nosso Salvador. Ele mesmo precisaria ser redimido, pois Ele mesmo estaria afastado de Deus.

“Nesse texto, Paulo enfatiza quão vital foi a vinda de Cristo para quebrar o círculo sem esperança de nossa condição no pecado. O que a lei era incapaz de fazer, visto que havia sido enfraquecida pela natureza pecaminosa, Deus fez, enviando seu Filho em semelhança do homem pecaminoso, para ser a oferta pelo pecado. E, claro, se Jesus tivesse vindo em carne pecaminosa, cem por cento como nós, […] então o ‘justo preceito da lei’ permaneceria sem ser cumprido, como sempre, frustrado por sua natureza carnal. O texto afirma a afinidade e solidariedade de Cristo, mas ao mesmo tempo sublinha sua crucial distinção de nós – distinção que, […], ‘faz toda a diferença para nós.’ E isto é indicado pelo uso do sutil termo grego homoioma. Jesus veio em ‘semelhança’ da carne pecaminosa, e semelhança, tanto no grego, como em português, é semelhança, não igualdade.”4

O conceito de pecado não pode ser compreendido apenas em termos de ações do comportamento, mas essencialmente como uma doença maligna, sistêmica, como uma lepra profundamente enraizada, mortal, e impossível de ser purificada pelo poder humano.

“Jesus definiu o pecado em termos que silenciam qualquer noção simplista, superficial e farisaica da doença: ‘Pois do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios…’ (Marcos 7:21), e o catálogo é considerável. A questão, devemos notar cuidadosamente, é que para Jesus, pecado não é uma questão, meramente, de atos pecaminosos, mas de uma condição, na qual o homem natural é nascido. Não é que somos pecadores porque cometemos pecados A, B, C, D, etc., antes, porque somos pecadores é que cometemos tal sorte de delitos. Os atos são apenas o sintoma de um mal mais grave, arraigado nos porões de nossa natureza. ‘O mais lindo bebê […] não é como sua mãe carinhosamente o chama, um pequeno anjo… mas um pequeno pecador.’ Não que ele conscientemente peque, mas pecador no sentido de que nasceu com a tendência natural para escolher o pecado, tão logo tenha a idade para fazê-lo.” 5

“As Escrituras empregam em sua compreensão do pecado, palavras que não deixam qualquer sombra de dúvida quanto à sua natureza devastadora. ‘Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e corrupto, quem o conhecerá?’ (Jeremias 17:9). Ou, segundo Isaías, ‘toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões, chagas podres, não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo’ (Isaías 1:5, 6). ‘Todos nós somos como o imundo, e todos os nossos atos de justiça, como trapo de imundícia’ (Isaías 64:6). Para Davi, a vida humana não escapa aos efeitos do pecado, mesmo em seu estágio formativo: ‘Certamente em iniqüidade fui formado e em pecado me concebeu a minha mãe’ (Salmos 51:5). O pecado é um poder que domina a própria atmosfera na qual o homem vive. Para Paulo, somos carnais, ‘vendidos como escravos sob o pecado’ (Romanos 7:14). ‘Todos estão debaixo do pecado’ (Romanos 3:9); ‘Não há um justo, nem um sequer’ (Romanos 3:10). ‘Todos se extraviaram e se fizeram inúteis’” (v. 12). Tais textos, e uma multidão de outros semelhantes, indicam o estado em que cada pessoa nasce no planeta Terra, trazendo em seu DNA um grave defeito de fabricação, que se tornou a nossa natureza primária. É precisamente a enormidade do problema que exigiu salvação tão suprema, levada a efeito pelo próprio Deus, em pessoa.”6

“Está revelado que Jesus Cristo, além de substituto do homem, foi também seu exemplo. Portanto, se Ele ‘não tivesse a natureza do homem, Ele não poderia ser o nosso exemplo. Se Ele não fosse um participante de nossa natureza, Ele não poderia ser tentado como o homem tem sido. Ele não poderia ser nosso ajudador. Foi uma solene realidade que Cristo veio lutar as batalhas como homem, em favor do homem’ (‘How to Meet a Controverted Point of Doctrine’, Review and Herald, 18 de fevereiro de 1890. Contudo, tal identificação não poderia, por outro lado, estender-se além dos limites determinados por sua identidade única e missão exclusiva.”7

Portanto, concluímos que Jesus se revestiu de natureza humana AFETADA pelo pecado, mas não INFECTADA. Jesus não tinha natureza humana pecaminosa, inclinação natural para o pecado ou propensão inata para a corrupção moral. Destaca-se que pecado não pode ser considerado meramente como atos pecaminosos, mas é uma questão de condição da natureza pecaminosa da qual todos nós temos parte, exceto Jesus. Caso Ele possuísse este tipo de natureza contaminada pelo pecado, Ele mesmo estaria separado de Deus e necessitaria de um Salvador. Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4:15). Semelhança não é igualdade. Jesus foi tentado na mesma essência em que Adão e Eva foram tentados, e na mesma essência em que nós o somos – a de colocar a vontade própria acima da vontade do Pai (João 5:30). No deserto da tentação o inimigo sugeriu indiretamente que Ele desconfiasse de Sua filiação divina (“se és Filho de Deus” – Mateus 4:-1-11), tentou-o a ser presunçoso e a condescender com o apetite. Em todas estas tentações Jesus permaneceu fiel e incontaminado.

Equipe Biblia.com.br

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1 Review and Herald, 5 de abril de 1898, citado em Amin A. Rodor, Cristo e os Cristãos. Disponível em < https://circle.adventist.org/files/unaspress/parousia2008014521.pdf>. Acesso em: 01/11/2016.

2 Rodor, Amin A. Cristo e os Cristãos. Disponível em < https://circle.adventist.org/files/unaspress/parousia2008014521.pdf>. Acesso em: 01/11/2016.

3 Idem.

4 Ibid.

5 Ibid.

6 Ibid.

7 Ibid.

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