A queda da grande meretriz
bíblia
O capítulo 17 do Apocalipse descreve uma prostituta montada em uma besta escarlate repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças de dez chifres. Qual o significado destes símbolos?
Revista Bíblia Fácil Apocalipse
Lição 14
O capítulo 17 do livro do Apocalipse é, sem dúvida, um dos capítulos mais difíceis de interpretação e talvez não tenhamos respostas para tudo que ele revela. Ele trata do julgamento da grande meretriz. Há duas palavras no grego, língua original do Apocalipse, que se referem a juízo: CRISIS e KRIMA. Quando se usa CRISIS, temos um juízo em andamento, mas quando se usa KRIMA, é a pronúncia do resultado, que poder ser positivo, absolvição, ou negativo, condenação. Aqui João usa a palavra KRIMA, é a sentença que será pronunciada sobre Babilônia, uma vez que o juízo que antecede a Volta de Jesus já foi concluído quando Ele deixou o Santuário Celestial (Apocalipse 15:8) e as pragas já estão caindo sobre a terra (Apocalipse 16).
João recebeu as revelações do Apocalipse em forma de audiovisual. Ele ouviu e viu muitas coisas. Em alguns momentos ele apenas ouvia para depois ver (Apocalipse 1:10 e 12; 7:4 e 9). Em Apocalipse 17 acontece a mesma coisa. Primeiro o anjo disse que lhe mostraria o julgamento da “grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas” (Apocalipse 17:1). Mas quando o anjo o transporta em espírito, ele chega a um deserto e vê uma mulher montada em uma besta escarlate (17:3). Estas coisas causaram grande espanto em João (17:6) e são simbolismos que precisam ser desvendados com a ajuda e guia do Espírito Santo.
Divisões do capítulo
Podemos dividir o capítulo 17 em três partes muito claras. Nos versos 1 e 2 temos a fala do profeta. Depois, dos versos 3 a 6 temos uma descrição dos símbolos e dos versos 7 a 18 temos a explicação do anjo sobre conteúdo da visão. O anjo começa explicando sobre a besta (versos 7-14), para depois falar da meretriz (versos 15-18).
A visão da meretriz – Apocalipse 17:1-6
“Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra. Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto” (Apocalipse 17:1-6).
Diante dos sinais vistos, João ficou admirado e espantado. Então o anjo lhe faz uma promessa: “Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta…” (Apocalipse 17:7). Hoje nos encontramos na mesma situação. Sem a ajuda do Espírito Santo jamais poderíamos compreender os mistérios deste capítulo e, talvez, nem tudo ainda esteja revelado.
A profecia se amplia
Entendendo que a profecia é uma verdade que se amplia, o capítulo 17 é um desdobramento do capítulo 13. Isso é comum em profecias apocalípticas. Por exemplo, em Daniel 2, vemos uma sequência de impérios (Babilônia, Medo-pérsia, Grécia, Roma e Roma papal) que é representada pela estátua de ouro, prata, bronze, ferro e barro. Os mesmos impérios são retratada em Daniel 7 por quatro animais: leão, urso, leopardo e o quarto animal, terrível e espantoso. Já em Daniel 8, os três últimos poderes, Medo-pérsia, Grécia e Roma, são representados por um carneiro, um bode e um “chifre pequeno”.
O mesmo acontece em relação aos capítulos 13 e 17 do Apocalipse. Ocorre uma ampliação na descrição das entidades o que justifica uma mudança nos símbolos. Alguns argumentam que, dessa forma, a “besta que sobe do mar”, do capítulo 13, é mostrada na figura da “meretriz”, no capítulo 17. E a “besta de dois chifres” é substituída por outro símbolo, a “besta escarlate”. Essa seria uma possibilidade na interpretação dos símbolos. Já identificamos, em Apocalipse 13, a besta que sobre do mar como sendo Roma, em suas duas fases, pagã e papal. E a segunda besta que sobe da terra, como sendo os Estados Unidos da América do Norte. Agora, no capítulo 17, temos uma ampliação destas entidades.
Descrição da grande meretriz
A primeira informação do texto é que a meretriz achava-se sentada sobre muitas águas. A mesma descrição é feita da besta de Apocalipse 13, pois ela surge do mar. O anjo explicou a João: “As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas” (Apocalipse 17:15), ou seja, o sistema papal que surgiu num local densamente povoado.
É-nos dito também que com esta meretriz se prostituíram os reis da terra. Isto significa uma união ilícita que tem havido entre a igreja e o estado. Nas vestes da mulher predominam a cor púrpura e escarlate. A cor escarlata, ou vermelho, é usada na Bíblia como símbolo de pecado (Isaías 1:18) e associada também com Satanás (Apocalipse 12:3).
A mulher tem um cálice de ouro em suas mãos. O ouro é símbolo de fé e amor (Tiago 2:5; Gálatas 5:6), a igreja apostatada professa fé pura, no entanto, está cheio de corrupção, como representado pelo “vinho”. O vinho com o qual embebedou os habitantes da terra é símbolo de suas falsas doutrinas, tais como: imortalidade da alma, tormento eterno dos ímpios, negação da pré-existência de Cristo, confissão de pecados ao sacerdote, existência do purgatório, santidade do primeiro dia da semana e outros.
O que estava escrito na fronte da mulher? Apocalipse 17:5
“BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Apocalipse 17:5).
A visão do Apocalipse revela que a igreja de Roma é a igreja-mãe, pois possui filhas e estas filhas são simbolizadas como as igrejas que se apegam as doutrinas e tradições de Roma que não se baseiam na Bíblia. Muitas destas filhas saíram dela, mas apesar de havê-la abandonado conservam muitos dos seus vícios e de sua conduta religiosa equivocada. Saíram da casa da mãe, mas continuam embriagados com seu vinho.
Com o que a mulher estava embriagada? Apocalipse 17:6
“Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto” (Apocalipse 17:6).
Apocalipse 13 nos diz que a besta que sobe do mar pelejaria contra os santos e os venceria (13:7). Agora, este mesmo poder, o sistema papal, a igreja de Roma, são retratados no capítulo 17, como estando embriagados com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. Essa é uma linguagem figurada para falar dos milhares que foram perseguidos e mortos por este poder religioso. Durante as trevas da Idade Média milhares de cristãos fiéis foram injustamente designados “hereges”, e foram perseguidos e mortos simplesmente por não concordarem com os erros e tradições da igreja de Roma. Quando cair a terceira praga, e os ímpios não tiverem água para beber, em seu desespero, eles beberão sangue. O Apocalipse diz: “porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso” (Apocalipse 16:6).
A VISÃO DA BESTA ESCARLATE
Qual a descrição que o anjo faz da Besta? Apocalipse 17:3.
“Vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres” (Apocalipse 17:3).
O Anjo explica o mistério
A identidade da meretriz que cavalga a besta não tem sido um ponto de discussões tanto quanto a identidade da besta, suas sete cabeças e seus dez chifres. Uma das interpretações mais correntes tem sido que a besta em questão aponta para a mesma entidade representada pela besta de Apocalipse 13, e que seria o Império Romano, cuja capital foi considerada a “cidade das sete colinas”, como sugere Apocalipse 17:9. Essa interpretação enfrenta um problema, pois em Apocalipse 17:16, a besta “escarlate” e os “reis da terra” odeiam e destroem a meretriz, que já identificamos como Roma, o que requer necessariamente uma distinção entre essas duas bestas.
Duas possíveis interpretações
Apresentaremos a seguir duas possíveis interpretações para esta besta escarlate:
a) Besta escarlate – símbolo do próprio Satanás
Há uma grande semelhança entre a besta do capítulo 17 e o dragão do capítulo 12, símbolo de Satanás. Ambos possuem sete cabeças e dez chifres (12:3 e 17:7). Eles possuem a mesma cor – escarlate ou vermelho (12:3 e 17:3). Os dois poderes se opõem a Jesus (12:13 e 17:14).
Falando sobre este poder, Apocalipse 17:8 diz: “a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição…”. A palavra abismo aparece no Apocalipse sete vezes. Em Apocalipse 20, um anjo desce do céu com a chave do abismo em sua mão e aprisiona Satanás por mil anos. Depois deste período ele é solto, para logo em seguida ser destruído.
Assim, a besta que “era”, referência ao tempo histórico, quando Satanás persegue a igreja de Deus (Apocalipse 12). A besta que “não era”, é uma referência ao período de mil anos, quando Satanás será acorrentado por um anjo e lançado no abismo” (Apocalipse 20:1-2). E, “está para emergir do abismo e caminha para a destruição”, refere-se a soltura e destruição final de Satanás após o milênio (Apocalipse 20:9-10).
b) Besta escarlate – símbolo dos Estados Unidos da América do Norte
Há ainda uma segunda possibilidade. Aplicar o simbolismo desta besta escarlate aos Estados Unidos da América. No panorama escatológico do Apocalipse, é este o último poder político-militar de alcance global (Apocalipse 13:12), e que assumirá atitudes imperiais como os sete impérios anteriores a ele, que é “procedente” da Europa e, portanto, tem uma relação com os anteriores em termos de origem. Sendo que as cabeças da besta escarlate representam sete impérios mundiais (Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma e Roma papal), a oitava cabeça pode ser, portanto, o poder americano, conforme representado pela besta de dois chifres em Apocalipse 13:11, pois é este poder que “apoia”, no capítulo 13, ou “carrega”, no capítulo 17, a besta que sai do mar ou grande prostituta.
Sete cabeças
O anjo explicou para João: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis” (Apocalipse 17:9). Os sete “montes” devem ser considerados como na mentalidade hebraica, ou seja, como reinos. Por meio de um paralelismo, Isaías usa de forma intercambiável “montes” e povo/nação (Isaías 37:32; Salmo 48:2; Jeremias 51:25, Daniel 2:34-35; Zacarias 4:7). O mesmo ocorre com o termo “rei”, que os judeus usavam como equivalente de “reino” (Daniel 7:17; 8:21, 23).Assim, “montes” e “reis” devem apontar para reinos ou impérios representados nas cabeças da besta.
Como a explicação do anjo é feita da perspectiva temporal do profeta, ou seja, no primeiro século, cinco deles já tinham se passado (Egito, Assíria, Babilônia, Medo-pérsia e Grécia), um existia (Roma) e o sétimo ainda viria (Roma papal), que só se estabeleceu em 538 a.D.
A afirmação do anjo de que o sétimo reino (Roma Papal) teria de durar “pouco” (1260 anos) pode ser entendida da perspectiva da garantia da vitória dos fiéis de Deus alcançada na cruz e não do ponto de vista do tempo cronológico. O adjetivo “pouco” (OLÍGON) é também usado em Apocalipse, ao se afirmar que o diabo, após a cruz, sabia que tinha “pouco tempo” (Apocalipse 12:12). Entretanto já se passaram mais de dois mil anos. O sentido de OLÍGON não se refere a tempo cronológico.
Por outro lado, ao falar que o dragão será solto após o Milênio, mas por “pouco tempo”, João usa MIKRON (Apocalipse 20:3), indicando um tempo cronometrado. Assim, o conhecimento destas duas palavras gregas nos permite concluir que a expressão “pouco tempo”, não é um empecilho para aplicarmos esse símbolo da besta escarlate ao próprio Satanás.
Dez Chifres
Estes 10 chifres representam poderes políticos durante o tempo da sétima cabeça, que apoiarão a besta (17:13). Estas nações têm o propósito de se unir com a besta para forçar os habitantes da terra a “beber” o vinho de Babilônia, isto é, unir o mundo sob seu controle e eliminar todos os que se recusam a cooperar.
Conclusão
Embora o capítulo 17 de Apocalipse fale de poderes malignos ativos contra Deus e Seu povo, o controle da história deste mundo ainda está nas mãos de Deus. Ele traz juízo sobre os inimigos de Seu povo e livra Seus santos de todas as perseguições.
Podemos estar cientes que, a despeito das uniões dos poderes das trevas, no tempo do fim, contra Deus e Seu povo, nossa vitória está garantida. A promessa é que “Em todas as coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8:37).
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