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O Amanhã como Herança

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"Escrevo na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos e, no momento oportuno, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador” Tito 1: 2 e 3

 

Por Pastor Robson Aleixo

Ver o que todos viram e pensar o que ninguém pensou. Essa é uma das muitas definições de inteligência, mais precisamente para o aspecto criativo dela. Essa é uma capacidade dada aos seres humanos como um dom divino e a todo tempo estamos sendo beneficiados por esse dom. O pensamento abstrato é um exercício exigido de nós. Em algumas atividades, é verdade, mais do que em outras e de algumas pessoas mais do que de outras, mas não podemos negar que essa é uma das características dos seres humanos.

Mas, para além da criatividade, o exercício de pensar sobre o que não está diante dos nossos olhos, é um divisor de águas para a história da humanidade, sua relação com Deus e nas nossas relações familiares.

As Sagradas Escrituras falam de uma visão que alcança para além do hoje. Uma palavra bela e conhecida é a Esperança. Falando a Tito, Paulo escreveu:

“Escrevo na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos e, no momento oportuno, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador” Tito 1: 2 e 3

Paulo está manifestando uma expectativa favorável e confiante, sobre o que não se vê agora mas que tem certeza sobre o futuro, uma antecipação feliz do que é bom (VINE, 2002).

Esperança é ver o que está patente a todos mas pensar conforme o que Deus prometeu quanto ao futuro. Na Bíblia, a esperança é vizinha da fé. Elas não são necessariamente a mesma coisa, mas não podem viver separadas.

Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem. […] Pela fé, Moisés […] permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível. Hebreus 11:1, 27

A fé é uma confiança divinamente comunicada por Deus ao homem fazendo dele um crente. Os profetas bíblicos usaram a palavra grega pistis no Novo Testamento para falar do que chamamos na nossa língua de fé e ela significa de forma abrangente uma persuasão firme, uma convicção fundamentada no ouvir a Palavra de Deus, confiança, credulidade, fidelidade.

Conforme vimos no verso, no exercício de fé de Moisés, suas decisões foram tomadas a partir de sua fé que o capacitou a ver o futuro e crer nele a ponto de preferir o futuro em relação ao presente.

O amanhã e o pecado.

No livro de Gênesis, naquele dramático dia em que a humanidade experimentou o pecado e a queda, a fé nos foi apresentada pela primeira vez como uma necessidade. A advertência de Deus para os primeiros humanos foi clara e inequívoca:

De toda árvore do jardim você pode comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal você não deve comer; porque, no dia em que dela comer, você certamente morrerá. Gênesis 1:16 e 17

Alguns já conjecturaram qual era o tipo de morte que eles experimentariam e quando ela iria acontecer. Olhando com atenção para o texto vemos que a palavra que Moisés usa para transmitir a mensagem que Deus revelou foi yom, a mesma usada repetidamente no capítulo 1 para nos transmitir a ideia de um período de 24 horas (tarde e manhã, dia). Isso, evidentemente, quer dizer que não haveria um amanhã depois do pecado. Todo o pensamento sobre qualquer momento futuro estava condicionado a uma vida em obediência a Deus, sejam planos, projetos, empreendimentos, qualquer coisa dependia da ligação com a vida que provinha de Deus.

O dia em que o homem pecou é um fato. E o que o texto bíblico nos mostra é o desmantelamento imediato de sua segurança. Imediatamente ele se vê sequestrado pela culpa, vergonha e pelo medo. O amanhã se desmanchou dolorosamente diante de Adão e Eva. E eles fogem da esmagadora realidade.

Jesus lhes disse:

Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.

E à mulher ele disse:

— Aumentarei em muito os seus sofrimentos na gravidez; com dor você dará à luz filhos. O seu desejo será para o seu marido, e ele a governará.

E a Adão disse:

— Por ter dado ouvidos à voz de sua mulher e comido da árvore que eu havia ordenado que não comesse, maldita é a terra por sua causa; em fadigas você obterá dela o sustento durante os dias de sua vida.

Perceba a coisa mais importante no texto: o amanhã! As expressões: “descendente” , “dará luz a filhos”, “o seu desejo será” e “sustento todos os dias da sua vida”, dizem,  de fato, muita coisa, mas acima de tudo falam de um amanhã onde se encontrará continuidade.

Hoje houve o perdão, hoje houve a morte do Cordeiro, hoje houve uma substituição, a misericórdia e a graça de Deus se manifestou hoje e o resultado disso foi a reconstrução da certeza de um amanhã. Dessa forma, todos os planos de Abel, de Sete, Enos e de todos os demais descendentes estão baseados na fé e na esperança.

O que Adão deixou como herança para os seus filhos? Adão os ensinou sobre o sacrifício do Cordeiro.

Não podemos subestimar a importância de uma mentalidade prospectiva como herança. Explico: pensemos um pouco sobre a realidade do mundo depois do pecado. Convivemos com a fome, a violência, a morte e a miséria. Pessoas com insegurança alimentar e fome não podem se dar ao luxo de se abstrair, de pensar em qualquer outra coisa que não seja comer. E comer o mais rápido possível. Portanto, a fome significa ausência de nutrientes, de energia e também de amanhã. Pois o amanhã não se desenha na mente de alguém que não sabe se terminará o dia de hoje. Podemos dizer a mesma coisa sobre as pessoas que convivem com a violência extrema. Os milhares de degredados e refugiados cujo amanhã lhes foi roubado.

Quando vemos os olhos dos nossos filhos brilhando em sonhos sobre o que se tornarão quando crescerem, podemos ter certeza de que isso é resultado de um maravilhoso exercício de prospecção, uma projeção de um dia que já existe na mente deles e, sem dúvida é a soma de alguns fatores sendo um deles a segurança.

Perdão, é a devolução de um amanhã. Quando os filhos de Israel mancharam os batentes das suas portas com o sangue do cordeiro pascoal eles estavam garantindo o amanhã da sua família. Quando Jó sacrificava tendo seus filhos em mente, era o amanhã que se desenhava, quando Isaque internalizou a convicção de que ele era o filho da promessa, ele passou a ver o amanhã  e compartilhou a fé de seu pai.

Escolarização, capacitação, educação financeira, esportes, brinquedos… tudo isso é importante, sem nenhuma dúvida, mas a maior herança que podemos deixar para os nossos filhos é a possibilidade de sonhar, com esperança e fé de que o Deus de seus pais, é o que era, é e há de vir. Deus cumpre suas promessas e é fiel. No exercício do perdão, da misericórdia e da graça dispensados aos nossos filhos os ensinamos e ver o que todos veem, pensar além do que lhes é mostrado e se ver num futuro glorioso.

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