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Dostoyevsky: Um Escritor Luta Com a Fé

As Duvidas de Dostoyevsky

 

 

 

O novelista, jornalista e escritor de pequenas estórias, Fyodor Mikhaylovich Dostoyevsky e considerado um dos maiores escritores do mundo. Usando sua grande habilidade, ele comunicou grande extensão das emoções humanas em novelas tais como Crime e Punição, O ldiota, O Possesso e Os Irmãos Karamazov. A alma dos seus fortes personagens frequentemente serve como o ponto da luta entre o bem e o mal. Eles alcançam salvação apenas depois de passarem pela purificação do sofrimento. De muitas maneiras, esta luta e sofrimento refletem a própria experiência de Dostoyevsky.

Uma Vida Conturbada

Nascido em Moscou, em 11 de novembro de 1821, Dostoyevsky cresceu em um lar da classe media. Aos 16 anos, ele matriculou-se na escola militar de engenharia, em São Petisburgo, onde devotou seu tempo de lazer lendo literatura russa e europeia. Par ocasião de sua graduação, sua mãe havia morrido e seu pai tinha sido assassinado por servos, deixando-o com poucos recursos. Contudo, Dostoyevsky abandonou sua profissão para tomar-se um escritor de tempo integral.

A positiva resposta que sua pequena novela Poor Folk, recebeu do renomado critico literário Vissarion Belinsky serviu para introduzir o jovem nos círculos literário e social de São Petisburgo. Com seu nervosismo, estatura baixa, olhos pequenos acinzentados e apetência doentia, ele não era considerado coma pertencendo ao ambiente dos salões, apesar da promessa literária que ele representava.

Vários esboços e duas pequenas novelas fizeram pouco para ganhar audiência mais ampla. Durante este tempo, Dostoyevsky começou a frequentar um grupo radical de discussão, na residência de Mikhail Petrashevsky, onde os participantes debatiam livros políticos e econômicos banidos pelo governo do Czar Nicholas I. Em abril de 1849, os membros do circulo de Petrashevsky foram presos por planejarem imprimir panfletos ilegais. O inexperiente escritor e 20 outros membros do circulo foram sentenciados a fuzilamento.

Momentos antes da execução, foi anunciada uma substituiria da sentença pelo Czar. Dostoyevsky foi condenado a quatro anos de trabalhos pesados na Sibéria, seguidos por quatro anos como um soldado comum. O escritor considerou a sentença ser uma punição justa por crime tão serio. A experiência na prisão marcou um importante estagio em sua vida. Ele ganhou força interior da frequente leitura da Bíblia e do tempo disponível que tinha para pensar e observar o sofrimento dos seus companheiros de prisão. Seus ataques de epilepsia datam deste período.

Depois de libertado, Dostoyevsky serviu como um soldado e começou o que se tomou um casamento infeliz com uma viúva perdulária. Ele começou a escrever novamente, mas seus esforços iniciais renderam-lhe pouca atenção. Em seu retomo a São Petisburgo depois de 10 anos de ausência, os radicais tentaram alistar seu apoio, lisonjeando-o como um veterano prisioneiro político, mas ele rejeitou tais sugestões. O ridículo da religião era especialmente desgostoso para ele.

Juntamente com seu irmão, Dostoyevsky começou a publicar a revista Vremya (“Tempo”), a qual combinava jornalismo com ficção. O sucessos da revista permitiu a realização do seu sonho de viajar para a Europa. Dois anos depois, Vremya foi banida, depois da publicação de um artigo considerado não patriótico. Outra vez Dostoyevsky viajou para o Exterior.

Em seu retorno, ele começou uma segunda revista, a qual entrou em colapso devido a dificuldades financeiras. Sua esposa e irmão morreram no mesmo ano e Dostoyevsky mais uma vez fugiu para a Europa, onde logo gastou os últimos recursos. Empréstimos de amigos e adiantamentos das editoras permitiram que ele retomasse a Rússia. Ele empregou uma jovem estenógrafa, Anna Snitkina, para assisti-lo em seus escritos, e casou-se com ela no ano seguinte. Para escapar de credores e dos gananciosos pais de Anna, o casal viajou para o Exterior, vivendo em extrema pobreza por quatro anos. A morte do primeiro filho somou-se à miséria do casal.

Tendo iniciado uma importante novela, o Possesso, Dostoyevsky ficou bastante doente e insistiu em retornar a São Petisburgo. Uma vez lá, a saúde melhorou, a novela tomou-se um sucesso e ele estava novamente em demanda nos encontros sociais e literários. Sua esposa, que o havia apoiado lealmente durante o período na Europa, administrava eficientemente os negócios de publicações. A vida tornou-se estável para a família Dostoyevsky, a qual agora incluía dois meninos.

Quando iniciou sua ultima novela, Dostoyevsky já era reconhecido coma um dos grandes escritores do seu país. Os Irmãos Karamazov ilustra o permanente tema de suas obras: o problema do pecado e sofrimento em suas relações com Deus, fé e a busca de Deus. Dostoyevsky morreu em São Petisburgo, em 9 de fevereiro de 1881.

Derrota Ou Reavivamento?

Literatos da antiga União Soviética interpretaram a busca religiosa de Dostoyevsky como reacionária e utópica. Muitos tem levantado duvida de que o grande escritor não foi realmente firme em sua fé em Deus. Esta duvida quanto a crença de Dostoyevsky tornou-se a abordagem solidamente estabelecida. Alguns sugerem que depois do seu exílio, alquebrado, Dostoyevsky, desviou-se de seus ideais da juventude e abraçou errôneos conceitos, os quais incluíram a religião. A inclinação do autor para o cristianismo e interpretada em termos de catástrofe e derrota. Ela e vista como algo forjado, em vez de um desenvolvimento natural e positivo da experiência de sua vida.

De acordo com estes eruditos, a busca espiritual de Dostoyevsky demonstra fraqueza e instabilidade. O critico literário Vladimir Kerpoten demonstra sua versão deste ponto de vista comum: “Derrotado mas lutando para viver e esperar, Dostoyevsky começou a voltar-se para a religião, embora não sem conflito interior.”1 Porque as questões dos eruditos sobre o caráter decisivo e consistente da experiência religiosa de Dostoyevsky expressam uma variedade de opiniões, alguma confusão e evidente na tentativa deles em interpretarem o criativo desenvolvimento do autor.

Creio que aquilo que muitos eruditos têm interpretado como sendo a derrota de Dostoyevsky, e de fato seu renascimento espiritual. Quando ele uniu-se aos idealistas radicais do círculo de Petrashevsky, ele estava realmente inspirado pelo ideal da fraternidade cristã. Por algum tempo, contudo, o cristianismo de Dostoyevsky foi um humor psicológico, sem necessitar definitivo específica, explicação ou expressão exterior. Entretanto, mesmo durante este período em acaloradas discussões com o bem conhecido critico político e literário Vissarion Belinsky, Dostoyevsky (ejeitou as tentativas do critico em influencia-lo para o ateísmo.

Sentindo Deus

Em sua juventude, a romântica filosofia religiosa de Dostoyevsky encaminhou-o para a “decifração de Deus”; contudo, durante o auge de sua criativa inspiração, em seu aprisionamento, o escritor passou por um profundo reavivamento espiritual. O duro choque da experiência na prisão da Sibéria serviu para aprofundar os pensamentos e sentimentos de Dostoyevsky, e novamente fizeram voltar sua atenção para o significado da existência. Ele examinou e clarificou OS ideais e valores da herança espiritual de sua juventude.

Esta experiência, não apenas de uma “decifração de Deus,” mas um profundo processo de conhece-Lo, enriqueceu a vida de Dostoyevsky. Vemos o efeito desta experiência nele em uma de suas cartas para Natalia Fonvisina, escrita quatro anos depois de sua prisão:

Tenho ouvido, de muitas pessoas, que você e religiosa, mas porque eu próprio tenho experimentado e sentido isto [a ênfase e dele] digo-lhe que nos momentos em que você esta suspirando por fé, como a grama seca suspira por agua, você realmente a encontra, porque na miséria a verdade se torna mais clara.2

Sua correspondência com o irmão, Michael, também demonstra que a conversão não foi algo superficial ou acidental, mas um evento profundo e refletido. Três meses depois de seu aprisionamento, em 18 de julho de 1849, Dostoyevsky pediu a seu irmão que lhe enviasse livros cuja “leitura fosse restauradora … para que eu leia minhas próprias ideias em outra pessoa, e para estruturar meu ser novamente.”3 Em agosto do mesmo ano ele pediu a Michael, “Envie-me algumas obras de história … Mas seria melhor que você me enviasse a Bíblia (ambos os testamentos). Eu necessito dela… isto seria absolutamente perfeito.” 4

Michael imediatamente atendeu o pedido de seu irmão, enviando-lhe vários livros, incluindo Shakespeare e a Bíblia. Enquanto Dostoyevsky considerou o autor francês Balzac como um escritor de extraordinário talento e poder, e Shakespeare mais do que um gênio (“um profeta enviado por Deus para mostrar-nos o mistério do homem e da alma humana… ‘-s), para ele a Bíblia era o fenômeno excepcional.

A Bíblia não era nova para Dostoyevsky; ela fora o livro favorito em sua casa durante sua infância. Como faz por nós hoje, o Livro dos livros “pertencendo a mais alta inspiração da literatura” 6 deu a este escritor alga que nem Cervantes, nem Balzac, ou mesmo Shakespeare poderia prover: a nova visão do mundo e uma revelação de Deus.

E significativo que Dostoyevsky agora começou, consciente e persistentemente, a cultivar esta aprofundada espiritualidade, a qual tinha acrescentado uma nova dimensão a sua própria visão criativa do mundo. Os seres humanos e o mundo, em si mesmos, desconectados do mundo cósmico, deixaram de interessar a ele. Todos os temas filosóficos no trabalho de Dostoyevsky agora tomaram um evidente tom religioso. Parece que e neste sentido que Stefan Zweig, em seu livro Three Masters, comparou Balzac, Dickens e Dostoyevsky: “Cada um destes três escritores tem um domínio que e seu próprio. Para Balzac, tal domínio e o mundo da sociedade, para Dickens, o mundo da família, para Dostoyevsky este e o mundo do individuo e do universo.'”

O Maior Problema

A intensificada experiência religiosa de Dostoyevsky não significa que ele encontrou definidas respostas para todas as questões que o perturbavam. O apelo direto a questões religiosas e filosóficas intensificou o que já era um complicado problema para ele. Ele escreveu, “o maior problema que me tem perturbado, tanto consciente como inconscientemente, toda minha vida e a existência de Deus.” 8 Depois de algum tempo, Dostoyevsky concluiu que era impossível provar a existência de Deus por lógica racional e auto-sufiente. Isto, contudo, não significa que ele não encontrou meios para estabelecer solida fé no Criador. ‘Tenho realmente conhecido Deus, e tenho sido preenchido com Ele. Sim, existe um DEUS.’,9 Infelizmente, eruditos influenciados pelo ateísmo tradicional escolheram ignorar esta realidade.

O pensar, de acordo com Dostoyevsky, mesmo o pensar religioso não produz conhecimento absoluto e indiscutível, mas e apenas uma pequena centelha buscando força na brilhante chama do Espírito. Conquanto não pretendesse ser um teólogo, Dostoyevsky meticulosamente compreendeu certas crenças básicas do cristianismo. Ele entendeu que o esforço da mente humana em si não e suficiente para fechar o abismo aberto pela tragédia da queda, entre o finito homem mortal e o Deus infinito. Esta e a razão pela qual Deus vem a humanidade, e com Sua graça e revelação enche a brecha na capacidade da mente humana.

Religião e a Mente

No sistema de Dostoyevsky, a mente não esta sozinha e despida, como alguns entendem. Nunca intencionando minimizar a capacidade da mente humana, Dostoyevsky estava referindo-se apenas a mente isolada e arrogante, que rejeitou a inspiração divina. Foi precisamente na dependência unicamente da mente que ele percebeu a fraqueza do ateísmo. O personagem de Dostoyevsky, Príncipe Mishkin, na obra O Idiota, foi muito mais categórico: “O ateísmo não proclama nada.”10 Ao mesmo tempo, Dostoyevsky nunca desacreditou a mente que permite lugar a fé e as experiências do coração.

A própria experiência religiosa de Dostoyevsky nunca foi arbitraria, absurda ou irracional. Sua experiência foi baseada na experimentação “científica” de um coração disposto a aprender. Portanto, em certo sentido sua fé foi “científica,” embora apenas pelo arrazoamento de um incontestável conhecimento especial, revelado apenas aos crentes.

Portanto, Dostoyevsky entendeu a interrelação dos diferentes poderes cognitivos humanos em termos de dialética, o teste lógico das ideias para determinar sua validade. Este ponto não tem sido adequadamente apreciado por eruditos soviéticos. Não e acidental que em seu The Dialectic of Myth, Alexei Losev indicou a inabilidade do ateu em pensar dialeticamente quando confrontando o relacionamento entre noções tais como fé e mente/conhecimento. Losev está certo de que “não e que o crente não tenha dialética, mas que ele tem um outro objeto de fé que não o do ateu.” Isto certamente não significa que um ateu tenha refutado a fé, mas que ele tem ignorado o sujeito de sua fé, e que alguma outra coisa que não a razão e a ciência faz que ele negue a fé. Assim, abordando o problema a partir de um ponto de vista dialético, a fé não e apenas impossível sem conhecimento, mas a fé em si mesma e genuíno conhecimento. Por outro lado, o conhecimento não e apenas impossível sem fé, mas em si mesmo ele e genuína fé. 11

Fé e Entendimento

Para Dostoyevsky, que baseava suas ideias na antropologia bíblica, os humanos são “a imagem e semelhança” do seu Criador. A natureza divina individual e revelada pelo fato de que a alma aberta para Deus e o universo recebe e conduz em si mesma o conhecimento de todas as coisas que ela experimenta. Aquele que ere e esta desejoso de compreender os mistérios divinos, mas e incapaz de racionalmente entende-los, fica existencialmente desconfortável. Ele ou ela não pode evitar ser aturdido pelas duvidas “ate o seu ultimo fôlego,” como o próprio Dostoyevsky escreveu. Esta e a sorte da humanidade, e isto e o que Santo Agostinho quis dizer quando escreveu: “Criaste-nos para Ti, e nosso coração permanece intranquilo ate que encontre paz em Ti.” 12

O pensamento humano e um processo complexo, produzido pela atividade racional da mente e também pelas poderosas intuições positivas acerca dos mistérios do universo. A força de tais percepções que vem da fé salvadora, que ere que o mundo e compreensível e harmonioso, e não sem sentido e absurdo. Um sentimento de ligação unindo todas as coisas no mundo, confiança que, na medida em que abrimos o coração para Deus, a beleza do mundo será introduzida nele, dando assim sentido a existência – tudo isto ajuda o crente a conservar o seu próprio equilíbrio, mesmo quando as duvidas emergem. A fé não ignora as duvidas; ela prove esperança para vence-las.

A fé não e uma vara magica. Ela não promete a mente confusa escape da ansiedade, mas oferece iluminação para a visão obscurecida. Ela promete a chave para os mistérios de nosso ser entendimento para as questões que perturbam a alma. E assim que Dostoyevsky entendeu o mundo, e e por isto que ele podia repetir com Agostinho: “Creio para poder entender.”13

As Duvidas de Dostoyevsky

As duvidas expressas por Dostoyevsky são a avenida para o progresso, o natural processo de conhecimento, tanto espiritual como intelectual. As duvidas do escritor não testemunham de um fracasso religioso, mas de um processo de conhecimento, e do triunfo da alma suspirando por fé.

Como o filosofo Sergei Bulgakov escreveu: “Na alma de Dostoyevsky, uma fé perfeita esteve sempre em trágico conflito com trágica descrença …. Para ele ha via apenas uma tragédia, não da religião em geral, mas uma tragédia cristã.” 14 A afirmação de Bulgakov revela a percepção de Dostoyevsky quanto a tragédia crista: que os seres humanos sentem a separação de Deus mesmo enquanto creem nEle. Os cristãos são chamados a comungar com Deus diariamente; que a sede deles por relacionamento e harmonia com Ele não e sempre satisfeita, e esta e uma trágica experiência para os crentes.

Devemos entender corretamente a natureza desta desarmonia. A declaração de Bulgakov pode ser entendida se reconhecemos que a alma de um cristão e basicamente voltada para Deus. A real experiência cristã demonstra que “uma lei terrenal” (como Dostoyevsky chamava todas as coisas mundanas) tem algum poder sobre ele ou ela, frequentemente interferindo na mais forte inclinação para o Criador. A alma deve resistir qualquer intromissão, e ser continuamente purificada. O salmista expressou seu desejo de comunhão perfeita: “minha alma tem sede do Deus vivo” (Salmos 42:2).

A “inconstância” dos humanos diante de Deus e também encontrada na narrativa de Joao Batista nos evangelhos, o qual tendo batizado Jesus, duvida do Filho de Deus enquanto aguarda a morte em sua escura prisão.15 Estes testemunhos vivos atestam que as lutas espirituais e morais são batalhas reais para a preservação através da fé. A alma e fortalecida por esta contínua batalha e e assim capacitada a passar através de maiores dificuldades.

A Sobrevivência da Fé

Creio que as duvidas de Dostoyevsky não destruíram sua fé em Deus. Ao contrario, elas o iniciaram em sua busca por respostas mais profundas, para os muitos paradoxos de nosso ser. Suas duvidas foram a fonte de um continuo desejo de conhecer a Deus e estar em harmonia com Ele. Dostoyevsky repetidamente retomou a este tópico através de sua vida. Durante a parte final da década de 1850 ele escreveu:

Sou um filho deste século, um filho da descrença e da duvida ate o presente, e mesmo (sei disto), ate o fim de minha vida. Este desejo de crer, o qual tem vindo mais forte em minha alma, quanta mais haja razões contrárias, tem sido e ainda é a fonte do mais terrível sofrimento.16

Não muito antes de sua morte, Dostoyevsky testemunhou outra vez da firmeza de suas convicções. Como refletido em sua novela favorita, Os irmãos Karamazov, ele escreveu: “Eu creio em Cristo, e O confesso, não como uma criança. Meu hosana tem passado pelo grande cadinho da duvida. E permanece firme!” 17

Dostoyevsky questionou e algumas vezes desafiou a Deus, como o sofredor Jó. Mas neste desafio natural a experiência da humanidade, não houve rejeição de Deus. Como o homem na narrativa do evangelho, ele clamou: “Eu creio; ajuda-me a vencer minha incredulidade!” (Marcos 9:24).

Como o critico dinamarquês George Brandes escreveu, “se ele cria ou não nos dogmas ortodoxos, [Dostoyevsky] foi toda sua vida e sentimentos um típico cristão.”18 Bulgakov enfaticamente fala da agonia e sofrimento do escritor na vereda da fé:

A natureza positiva triunfou na alma de Dostoyevsky. Sua fé venceu suas duvidas, embora ela niio pudesse sempre remover suas dores. Embora machucado e sangrando, Dostoyevsky sempre sobreviveu e conquistou.19

Dostoyevsky não foi um santo, nem sempre foi ele um homem justo. Uma terrível batalha entre Deus e Satanás envolveu sua alma, mas ele emergiu vitorioso. Este grande escritor viu Deus como sua fortaleza, uma continua força de amor, bondade, e luz. Porque ele encontrou em Deus a chave para o mistério dos mistérios, o significado da vida, ele nunca aceitou qualquer outra filosofia. Todas as buscas morais de Dostoyevsky encontraram sua interpretação em Deus. A luz divina revelou a verdadeira natureza maligna dos espíritos de busca do poder e orgulho. NEle, o Absoluto, estava a solução para o essencial problema da imortalidade. Sem isto, para Dostoyevsky, a própria ideia do “ser humano” não tinha nenhum sentido.

Victor Lyakhu é professor de lingua russa e literatura no Seminário Adventista Zaokski, na Rússia.

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Citação Recomendada

Victor Lyakhu, “Dostoyevsky: Um Escritor Luta Com a Fé,” Diálogo 5:2 (1993): 12-15

NOTAS

  1. Vladimir Kerpoten, F. M. Dostoyevsky: Artistic Life (1821-1859), pag. 473.
  2. F. M. Dostoyevsky, Complete Works (Leningrado: Nauka, 1972), vol. 28, pag. 176.
  3. Idem, vol. 28, pag. 157.
  4. Idem, vol. 28, pag. 158.
  5. Dostoyevsky, About Art (Moscou: Art Press, 1973), pag. 452.
  6. Jan Paranddowski, Alchemy of the Word (Moscou, 1990), pag. 27.
  7. Stefan Zweig, The Three Masters, em Collected Writings (Leningraclo: Vremya, 1929), vol. 7.
  8. Dostoyevsky, Complete Works, vol. 23, pag. 117,
  9. Idem, vol. 8, pag. 450.
  10. Yuri Seleznev, Dostoyevsky (Moscou: Sovremenyek, 1981), pag. 238.
  11. Alexei Losev, The Dialectic of Myth (Moscou: Pravda, 1992), pag. 545.
  12. SL Agostinho, citado por Alexandet” Men, The Source of Religion.
  13. St Agoi.tinho, citado por B. Rabinovich, Confession of the Lover of Books (Moscou, 1991), pag. 220.
  14. Sergei Bulgakov, Silent Thoughts (Paris: YMCA Press), pag. 30.
  15. Ver Mateus 11:2.
  16. Dostoyevsky, Complete Works, vol. 28, pag. 176.
  17. Idem, vol. 27, pag. 86.
  18. George Brandes, Collected Writings (Kiev, 1902), vol. 6, pag. 155.
  19. Bulgakov, Silent Thoughts, pag. 30.
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