Batismo, Lava-Pés, Santa Ceia
bíblia
A ordenança da ceia do Senhor foi dada para comemorar a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo. Até que Ele venha a segunda vez em poder e glória, há de ser celebrada esta ordenança.
Pr. Alberto R. Timm, Ph.D.
INTRODUÇÃO
O cristianismo é uma religião de poder! E o apóstolo S. Paulo declara que o “evangelho. . . é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. . .” (Rom. 1:16). Porém, nem sempre tem sido fácil para os pecadores, seres mortais, compreender o profundo significado do poder regenerador e santificador da morte de Cristo na cruz. O maravilhoso poder transformador que encontramos na cruz do Calvário!
No Novo Testamento encontramos algumas ordenanças que Cristo nos legou como um sinal visível de uma realidade invisível da atuação da graça salvadora de Cristo na vida do crente – o Batismo e a Santa Ceia, que por sua vez é precedida pela cerimônia do Lava-Pés. Estas ordenanças não conferem graça ou produzem santidade, em si mesmas, como querem alguns; pois elas não são a realidade em si, mas são um símbolo visível da atuação invisível da graça divina na vida do crente.
E nesta ocasião queremos considerar juntos, o significado do Batismo, do Lava-Pés e da Santa Ceia.
I – O BATISMO
A – A Instituição do Batismo Cristão
a) Jesus Cristo foi batizado por João Batista no rio Jordão, quando Ele estava com “cerca de trinta anos” (Lucas 3:23; Marcos 1:9-11).
b) Os discípulos de Jesus batizavam aqueles que se tornavam Seus seguidores, durante o Seu ministério terrestre (João 4: 1 e 2).
c) Antes de Sua ascensão, Jesus comissionou os Seus discípulos a pregarem o evangelho por todo o mundo, ordenando que a aceitação com fé das boas-novas da salvação deveria ser selada com o batismo: (Marcos 16:15 e 16).
B – Condições que Devem Preceder o Batismo
a) Biblicamente, somente devem ser batizadas as pessoas cuja vida dá evidências claras de terem sido regeneradas pela atuação do Espírito Santo.
b) E a evidência de que alguém foi regenerado pelo poder divino, envolve os seguintes passos:
1º) Crer (Marcos 16: 16; Atos 8 :36 e 37);
2º) Arrepender-se de seus pecados (Atos 2:38);
3º) Confessar os seus pecados (Mateus 3:6);
4º) Aceitar e praticar toda a verdade (Atos 2:41);
c) Em resumo, somente devem ser batizados aqueles que previamente foram feitos discípulos de Cristo (Mateus 28: 19).
C – A Forma do Batismo
a) A forma de batismo que a Bíblia ordena é o batismo por imersão. O próprio verbo grego usado no Novo Testamento (“baptizo”) significa “enfiar na água”, “mergulhar”, “imergir”.
b) Os próprios relatos bíblicos dos batismos, no Novo Testamento, subentendem o batismo por imersão:
– Jesus “foi batizado no rio Jordão”, e na própria expressão “ao sair da água” (Marcos 1:9 e 10) está implícito o batismo por imersão; pois só pode sair da água quem dentro dela está!
– Igualmente a descrição do batismo do “eunuco”, por Filipe, confirma esse fato (Atos 8: 35-39).
c) E no próprio simbolismo do batismo, como sendo o “sepultamento” da natureza carnal, e “ressurreição” para uma nova vida com Cristo, é confirmado que o batismo cristão deve ser ministrado por imersão; caso contrário ele perde seu verdadeiro significado (Romanos 6:3-6).
d) As palavras de Cristo “quem crer e for batizado” (Marcos 16:16) estabelecem ainda o fato de que o batismo cristão deve ser ministrado a pessoas que tenham idade suficiente para compreender o significado do evangelho e exercer fé em Cristo como Salvador pessoal. Em parte alguma a Bíblia sanciona o batismo infantil.
D – O Significado do Batismo
a) Cristo fez do batismo uma condição para entrar no Seu reino espiritual (João 3:5).
b) O batismo simboliza:
1º) Morte para o pecado;
2º) ressurreição para uma nova vida com Cristo;
3º) inteira submissão de nós mesmos à vontade divina.
c) “Simboliza o batismo soleníssima renúncia do mundo. Os que, ao iniciar a carreira cristã, são batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, declaram publicamente que renunciaram o serviço de Satanás, e se tornaram membros da família real, filhos do celeste Rei.” (Evangelismo, p. 307).
d) “No batismo nós nos entregamos ao Senhor como um vaso a ser usado. O batismo é a mais solene renúncia do mundo. O eu está professamente morto para uma vida de pecado. As águas cobrem o candidato, e na presença de todo o universo celeste o pacto é feito. Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, o homem é colocado em sua aquosa sepultura, morto com Cristo no batismo, e ressuscitado na água para viver a nova vida de lealdade a Deus. Os três grandes poderes no céu são testemunhas; eles são invisíveis, porém estão presentes.” (SDABC, vol. 6, p. 1074).
e) Na verdade, batismo “significa que tendes solenemente jurado servir a Deus. Significa que tendes feito uma completa submissão do eu a Ele, a fim de que Cristo possa reinar onde o eu outrora reinou. Significa que renunciastes a vossas idéias prediletas e submetestes vossa mente à mente de Cristo. Significa que vosso firme propósito é ser um com Deus, um com Seu povo; que exercereis abnegação e sacrifício próprio para promover os interesses de Seu reino; que lutareis para vencer tudo que impede o crescimento na graça.” (Meditações Matinais, 1983, p. 137).
f) E ao ocorrer esta experiência na sua vida, o converso passa a pertencer à família de Deus (Efésios 2: 19).
II – O LAVA-PÉS
A – O Exemplo de Jesus
a) Antes da comunhão, Jesus deu aos Seus discípulos um exemplo de humildade, lavando-lhes os pés (João 13:1-5).
b) Ao Pedro recusar-se ao lava-pés, Jesus disse-lhe: “Se Eu não te lavar, não tens parte Comigo.” (verso 8).
c) “Quando os discípulos entraram na sala da ceia, tinham o coração cheio de ressentimento. . . . Esta ação abriu os olhos deles. Profunda vergonha e humilhação os possuiu. Entenderam a muda repreensão, e viram-se a si mesmos sob um aspecto inteiramente novo.” (O Desejado do Todas as Nações, p. 644).
d) O lava-pés é uma ordenança instituída por Cristo para que Seus discípulos a pratiquem (João 13:12-15).
B – O Significada do Lava-Pés
a) A ordenança do lava-pés traz à lembrança o grande mistério da encarnação e da humilhação de Cristo, o qual, “subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo…” (Filipenses 2:6 e 7).
b) E, “assim como o batismo simboliza a purificação do pecado no começo da experiência cristã, a cerimônia do lava-pés representa a eficácia do sangue de Cristo em remover o pecado do coração manchado daquele que, embora seja membro da igreja, consciente ou inconscientemente cometeu algum pecado após o batismo. Representa também a obra progressiva da graça na vida do cristão, a qual só se torna possível por meio da contínua experiência da purificação mediante o sacrifício de Cristo na cruz e a aplicação de Seu sangue no santuário celestial, em nosso favor. Disse Jesus: ‘Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais está todo limpo’. S. João 13:10.” (Manual para Ministros, pp. 114 e 115).
c) “Quando Jesus Se cingira com a toalha para lhes lavar o pó dos pés, desejava, por aquele mesmo ato, lavar-lhes do coração a discórdia, o ciúme e o orgulho. Isso era de muito mais importância que a lavagem de seus empoeirados pés. Com o espírito que então os animava, nenhum deles estava preparado para a comunhão com Cristo. Enquanto não fossem levados a um estado de humildade e amor, não estavam preparados para participar na ceia pascoal, ou tomar parte no serviço comemorativo que Cristo estava para instituir. Seu coração devia ser limpo. O orgulho e o interesse egoísta criaram dissensão e ódio, mas tudo isso lavou Cristo ao lavar-lhes os pés. Operou-se uma mudança de sentimento.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 646).
d) O lava-pés é o ato que prepara o espírito e os sentimentos para o serviço da comunhão.
III – A SANTA CEIA
A – A Instituição da Santa Ceia
a) Após o lava-pés, Jesus instituiu o serviço da comunhão ou seja, a Santa Ceia (João 13:12; 1 Coríntios 11:23-25).
b) “Ao comer a páscoa com Seus discípulos, instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar Seu grande sacrifício. ” (O Desejado de Todas as Nações, p. 652).
B – O Significado da Santa Ceia
a) “Cristo está ainda à mesa em que fora posta a ceia pascoal. Acham-se diante dEle os pães asmos usados no período da páscoa. O vinho pascoal, livre de fermento, está sobre a mesa. Estes emblemas Cristo emprega para representar Seu próprio irrepreensível sacrifício. Coisa alguma corrompida por fermentação, símbolo do pecado e da morte, podia representar ‘o Cordeiro imaculado e incontaminado’. 1 Pedro 1:19” (O Desejado de Todas as Nações, p. 653).
b) Em realidade, o pão simboliza o corpo partido de Cristo (Lucas 22:19), e o vinho simboliza o Seu sangue derramado por nós (verso 20).
c) Como o batismo simboliza o poder regenerador da morte de Jesus, assim a Santa Ceia simboliza o seu poder santificador. (STRONG, Augustus H. Systematic Theology, p. 944).
d) A Santa Ceia está vividamente relacionada com dois aspectos: um passado, que traz à lembrança a morte vicária de Cristo pela nossa salvação; e outro aspecto futuro, que envolve a bem-aventurada esperança na Sua segunda vinda.
e) “A ordenança da ceia do Senhor foi dada para comemorar a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo. Até que Ele venha a segunda vez em poder e glória, há de ser celebrada esta ordenança. É o meio pelo qual Sua grande obra em nosso favor deve ser conservada viva em nossa memória.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 652-653).
– E Cristo mesmo declarou: “fazei isto em memória de Mim” (1 Coríntios 11:24).
f) “A santa ceia aponta à segunda vinda de Cristo. Foi destinada a conservar viva essa esperança na mente dos discípulos. . . . Nas tribulações, encontravam conforto na esperança da volta de seu Senhor.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 659).
– E Jesus deixou essa gloriosa promessa aos Seus discípulos (Mateus 26:29).
– E o apóstolo S. Paulo acrescenta (1 Coríntios 11:26).
– Que bendita esperança encerra o serviço da comunhão!
C – O Preparo para Participar da Santa Ceia
a) A Bíblia adverte que devemos examinar a nossa vida e pô-la em dia antes de participarmos da Santa Ceia (1 Coríntios 11:27-30).
b) Porém, “o exemplo de Cristo proíbe exclusão da ceia do Senhor. Verdade é que o pecado aberto exclui o culpado. Isto ensina plenamente o Espírito Santo (1 Coríntios 6:11). Além disso, porém, ninguém deve julgar. Deus não deixou aos homens dizer quem se apresentará nessas ocasiões.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 656).
CONCLUSÃO
Na verdade, o batismo, o lava-pés e a santa ceia não conferem graça, mas são um testemunho público de uma experiência anteriormente iniciada.
O batismo é um ato público, no qual declaramos em símbolo que a morte de Cristo se tornou nossa, e que fomos por ela regenerados; o lava-pés simboliza a negação do próprio eu e a progressiva e contínua experiência da purificação mediante a aplicação dos méritos do sacrifício de Cristo na vida do crente; e a santa ceia simboliza a atuação do poder santificador da morte de Cristo na vida dos crentes e aponta para a segunda vinda de Cristo e a final erradicação do pecado.
O participar das ordenanças que Cristo instituiu, devidamente preparado para tal, significa seguir-Lhe o exemplo (João 13:15).
E Cristo mesmo prometeu uma bênção àqueles que as praticarem, além da salvação (João 13:17 – Isto envolve gozo e paz já nesta vida!)
E a gloriosa certeza é que pertencemos então à família de Deus (Efésios 2: 19).
Se você ainda não pertence à família de Deus, tome o propósito hoje mesmo de a ela se unir através do santo batismo, seguindo o exemplo de Jesus, e então desfrutar a felicidade na comunhão com Cristo e com os demais membros dessa família universal, a família de Deus!
Equipe Biblia.com.br