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As leis bíblicas: Estão vigentes, ou foram abolidas na cruz?

leis de saúde

A lei é a regra para agir e pensar em harmonia com o caráter amoroso de Deus. A lei nunca pretende ser um meio de salvação. Fazer o que é certo nunca poderá nos redimir de nossos pecados passados ​​ou de nossa condição mortal. Somente a graça de Deus — obtida por meio do sacrifício de Cristo e recebida pela fé — pode nos redimir.

As leis bíblicas: abolidas ou vigentes?

Como cristãos, devemos guardar as leis bíblicas? Há leis que podem nos ser benéficas se as observarmos voluntariamente?
Para determinar quais leis do Antigo Testamento podem ser aplicadas hoje, os cristãos tradicionalmente as dividiram em categorias como as seguintes:

Leis morais: Trata-se dos dez mandamentos. Estes expressam os princípios universais e eternos de Deus que governam as relações com Deus e com os seres humanos.

Leis rituais: Serviram como “tipos” [‘figuras’, ‘modelos’, ‘cópias’] ou “sombras” até que se cumpriram na cruz.

Leis civis: Foram aplicadas apenas no governo teocrático de Israel.

Leis de saúde: Têm um valor permanente, pois o corpo dos seres humanos funciona da mesma maneira que nos tempos antigos.
Embora essas categorias possuam certa validade e utilidade, sua compreensão, tal como acaba de ser resumida, requer nuances e precauções importantes. Um exame minucioso leva a uma mudança de paradigma e abre um tesouro de orientações práticas para a vida cotidiana.
Antes de tudo, devemos reconhecer que a Bíblia não delimita categorias como as descritas acima. Além disso, as leis bíblicas não estabelecem uma distinção precisa entre categorias seculares e religiosas como estamos acostumados. Assim, [na Bíblia] costumam aparecer juntas as leis que nós classificaríamos como de domínio religioso [umas] e secular [outras]. Por isso, a mistura extremamente diversa de leis em Levítico 19 dá a impressão de que a distinção entre o religioso e o secular é em grande medida irrelevante: o importante é que o povo de Deus guarde todos os mandamentos.

Leis morais: expressam princípios que atualmente seriam considerados religiosos — por exemplo, os quatro primeiros dos dez mandamentos, que abordam responsabilidades principalmente diante de Deus (Êxodo 20:3–11) — ou seculares — por exemplo, os seis mandamentos restantes, que abordam responsabilidades principalmente para com os seres humanos (vs. 12–17).
Aqui, dois pontos devem ser esclarecidos: primeiro, todo mandamento que Deus exige que um grupo de pessoas obedeça pode ser visto como lei moral, no sentido amplo de que é relevante para o relacionamento divino-humano. Em segundo lugar, embora os dez mandamentos sejam a expressão proeminente da lei moral universal e eterna, eles não são a única lei moral na Bíblia [cf. Êxodo 23:9].

Leis rituais: regulam os sistemas rituais pelos quais os seres humanos interagem com entidades que normalmente não podem acessar no reino material, como Deus (por exemplo, oferecendo sacrifícios a Ele) e a impureza ritual (eliminando-a por meio da purificação).
As leis rituais do Antigo Testamento que deveriam ser realizadas no santuário/templo israelita — onde os sacerdotes ungidos oficiavam (por exemplo, Levítico 17:3-9) — não podem mais ser praticadas porque essa instituição não existe mais. Desde a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, a adoração cristã tem se centrado no templo celestial de Deus, onde Cristo está ministrando (Hebreus 7-11).
Por sua vez, o ritual da circuncisão se originou muito antes da construção do santuário israelita e, portanto, nunca dependeu de seu funcionamento (Gênesis 17). Entretanto, sua obrigação para os cristãos gentios foi eliminada quando a nova aliança foi transformada: de uma aliança de discípulos israelitas – como Jeremias profetizou inicialmente (Jeremias 31:31-34) – tornou-se universal, sem barreiras étnicas (Atos 15. Gálatas 3:26-29).

Direito Civil: Podemos incorporar e exemplificar princípios éticos/morais eternos dentro do contexto israelita. Por exemplo, considere a seguinte lei civil do “código/livro da aliança” (Êxodo 21-23): “Quem ferir alguém e fizer com que morra, morrerá” (21:12). Aqui é contextualizado o sexto mandamento: “Não matarás” (Êxodo 20:13). Entretanto, há duas diferenças básicas entre essas duas leis [civis e morais] mencionadas: primeiro, a lei civil é mais restrita em seu escopo, e se limita aos golpes que resultam em morte, embora ainda contenha princípios eternos. Dessa forma, descobrimos que o livro contém elementos temporários e permanentes.
Em segundo lugar, a lei civil impõe uma pena: uma pena capital que o sistema israelense de jurisprudência deve administrar dentro da comunidade teocrática do pacto. Portanto, algumas leis civis não são mais aplicadas porque não temos instituições sociais designadas para regulá-las; por exemplo, [as leis relativas à] escravidão (Êxodo 21:2-11, 20, 21, 26, 27) e posse de terras (Levítico 25:8-55). No entanto, ao estudar essas leis [civis] à luz de seu contexto cultural, podemos aprender princípios valiosos de justiça e misericórdia para proteger aqueles que são social e economicamente desfavorecidos.

Deus se importava com a saúde do seu povo, mas concedeu-lhes esse benefício de forma holística [integral], como uma bênção que resultaria da obediência a todos os seus mandamentos. Agora estamos em melhor posição para abordar a questão de saber se a proibição de comer carne com sangue (Levítico 10:17-14) continua em vigor. Esta é uma lei moral, ritual, civil ou de saúde? Como comer carne com sangue está relacionado à dieta, isso significa que a saúde está envolvida aqui [e, portanto, é uma lei de saúde]. De fato, a ciência moderna confirma que o sangue transmite doenças. Entretanto, em Levítico 17:11, a menção do altar indica que há um elemento ritual na lei. Ainda assim, a razão mais básica para a proibição é que o sangue representa a vida: os israelitas eram proibidos de comer carne com sangue, exceto de qualquer animal [exceto apenas os animais usados ​​em sacrifícios rituais]. Gênesis 9:3, 4 confirma esta razão básica. O Senhor permitiu que os humanos comessem carne depois do dilúvio (v. 3), mas os proibiu de comer carne com sangue (v. 4). Os dois versos seguintes [vv. [5 e 6] eles dizem: “Certamente exigirei o sangue de suas vidas; exigirei a mão de todo animal e a mão do homem; da mão do homem de seu irmão exigirei a vida do homem.” Aquele que derrama o sangue de um homem, e ao homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus o homem foi feito” [esta é uma lei moral]. As proibições de sangue e assassinato são baseadas no eterno princípio moral de respeito à vida que Deus criou, expresso no sexto mandamento (Êxodo 20:13). Assim, até mesmo a proibição do sangue em Levítico 17:10-14 tem implicações rituais e de saúde, e é acima de tudo uma lei moral.

Conclusão.

Então, se observarmos a lei, não nos tornamos legalistas? Não, não entenderemos o propósito da lei de Deus. A lei é a regra para agir e pensar em harmonia com o caráter amoroso de Deus. A lei nunca pretende ser um meio de salvação. Fazer o que é certo nunca poderá nos redimir de nossos pecados passados ​​ou de nossa condição mortal. Somente a graça de Deus — obtida por meio do sacrifício de Cristo e recebida pela fé — pode nos redimir.

Roy E. Gane (Ph. D.) é professor emérito de hebraico bíblico e línguas do antigo Oriente Próximo no Seminário Teológico Andrews, Universidade de Michigan, EUA. http://archive.perspectivedigest.org/Gane_(Como_saber_se_um_princípio_bíblico_se_aplica_hoje).pdf

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