biblia.com.br

Análise de Colossenses – 3º posicionamento (3/4)

Cristo

O texto de Colossenses 2:16 estaria fazendo menção aos sábados “cerimoniais” ou festas anuais (Levíticos 23), que apontavam para Cristo?

O terceiro posicionamento diz que o texto de Colossenses 2:16 está fazendo menção aos sábados “cerimoniais” ou festas anuais (Levíticos 23), que apontavam para Cristo.

Assim como o Dr. Bacchiocchi, o grande apologista e pastor Francis D. Nichol também admite que a palavra Sábado aparece 60 vezes no Novo Testamento. Mas, para ele, as 59 vezes em que aparece trata-se do Sábado semanal e na sexagésima (Colossenses 2:16), o Sábado cerimonial é que está em questão. Essa festa cerimonial estaria apontando para Cristo (Colossenses 2:17) e, na compreensão dele (e de outros estudiosos), é sobre este tipo de “dia de descanso” cerimonial que Paulo está discutindo. A argumentação é que “o sábado jamais poderia ser uma sombra, como afirma Colossenses 2:17, de um evento futuro – a salvação em Cristo – sendo que foi criado no passado, no Éden”. Também, que o termo “ordenanças”, usado em Colossenses 2:14, se refere às ordenanças e leis cerimoniais do Antigo Testamento e, a expressão “escrito de dívida”, poderia ser “uma referência à lei mosaica, especialmente tal como a interpretavam os judeus. A semelhança da linguagem com Efésios 2: 15 e a proximidade entre as duas epístolas, fez pensar que o “escrito de dívida” e a “lei dos mandamentos em forma de ordenanças” são uma mesma coisa…”8

Nichol argumenta:

Nenhuma dessas referências (59 encontradas) sugere que o Sábado havia perdido, estava em processo de perder, ou deveria perder algo da santidade que o havia distinguido até ali. Portanto, se o Novo Testamento ensina a abolição do Sábado, este ensino deve ser encontrado nessa única sexagésima referência. 9

O mesmo escritor tem um comentário importante sobre a abolição da lei:

… a alegação de que o Decálogo (Dez Mandamentos) foi abolido na cruz assume um caráter monstruoso e sacrílego. Quando Cristo morreu na cruz, foi mudada a natureza moral de Deus? É um sacrilégio fazer essa pergunta. Enquanto Deus for de natureza imutável, os princípios morais que irradiam de Sua natureza permanecem imutáveis. Enquanto a natureza de Deus abominar a mentira, o furto, o homicídio, o adultério, a cobiça e os falsos deuses, o Universo, até às suas extremidades mais remotas, será controlado por leis morais contra esses maus atos. 10

Outros estudiosos também afirmam que os Sábados mencionados são os cerimoniais, e isso com base em Levíticos 23:3, 27 e 38, que fazem distinção entre os aspectos moral e o cerimonial do Sábado:

“Em seis dias realizem os seus trabalhos, mas o sétimo dia é sábado, dia de descanso e de reunião sagrada. Não realizem trabalho algum; onde quer que morarem, será sábado dedicado ao SENHOR (Levíticos 23:3 – Sábado semanal).

“O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação. Façam uma reunião sagrada e humilhem-se, e apresentem ao SENHOR uma oferta preparada no fogo. É um sábado de descanso para vocês, e vocês se humilharão. Desde o entardecer do nono dia do mês até o entardecer do dia seguinte vocês guardarão esse sábado” (Levíticos 23:27 e 32 – Sábado anual).

“Além dos sábados do Senhor…” Levíticos 23:38 – segundo essa linha de estudiosos, aqui é feita uma separação entre os Sábados cerimoniais e morais. Vejamos a opinião de alguns eruditos evangélicos a respeito de Colossenses 2:16:

Albert Barnes, presbiteriano: “Não há nenhuma evidência nessa passagem de que Paulo ensinasse que não havia mais obrigação de observar qualquer tempo sagrado, pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos Dez Mandamentos havia cessado de ser obrigatório á humanidade. Se ele tivesse escrito a palavra ‘o sábado’, no singular, então, certamente estaria claro que ele quisesse ensinar que aquele mandamento (o quarto) cessou de ser obrigatório, e que o sábado não mais deveria ser observado. Mas o uso do termo no plural, e a sua conexão, mostram que o apóstolo tinha em vista o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festivais, como uma parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei moral, ou os Dez Mandamentos. Nenhuma parte da lei moral – nenhum dos Dez Mandamentos – poderia ser referido como ‘sombra das coisas futuras’. Estes mandamentos são, pela natureza da lei moral, de obrigação perpétua e universal”. 11

Adam Clarke, metodista: “… O sábado semanal se apóia numa base mais permanente, tendo sido instituído no Éden, para comemorar o término da criação em seis dias. Levíticos 23:38 expressamente distingue ‘o sábado do Senhor’ dos outros sábados. Um preceito positivo é bom porque é ordenado e deixa de ser obrigatório quando ab-rogado; um preceito moral é mandato eterno, por ser eternamente justo”. 12

O que foi dito anteriormente é suficiente para esclarecer que Paulo jamais pretendeu abolir, em Colossenses 2:16 e 17, a obrigatoriedade moral do quarto mandamento, que por ter sido instituído na criação (Gênesis 2:1-3) e fazer parte da lei moral (Êxodo 20:8-11), também é um mandamento ‘santo justo e bom’ (Romanos 7:12)”. 13

Jamieson, Fausset e Brown (comentaristas evangélicos muito reconhecidos) dizem que os Sábados anuais “tiveram um fim com os serviços judaicos aos quais pertenciam”. E continuam: “O sábado semanal repousa sobre um fundamento mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o término da criação em seis dias.” 14

>>Veja a Conclusão<<

Equipe Biblia.com.br
_________________________

8 Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Disponível em ellenwhitebooks.com Acesso em: 2 de junho de 2008.

9 NICHOL, Francis de. Respostas a Objeções – Uma defesa bíblica da doutrina adventista, p. 148. Casa Publicadora Brasileira, 2005.

10 Ibidem, p. 141.
11 Notes on the Testament. Citado por Arnaldo B. Christianini em Sutilezas do Erro, p. 125.
12 CLARKE (Comentário Bíblico), Adam. Vol. 6, p. 524. Ibidem, p. 70.
13 TIM, Alberto Ronald. O Sábado nas Escrituras, p. 70, 71.

14 Citado por Francis D. Nichol em Resposta a Objeções – Uma defesa bíblica da doutrina adventista, p. 146. Casa Publicadora Brasileira, 2005.

Análise de Colossenses - Conclusão (4/4)
Análise de Colossenses – 2º posicionamento (2/4)