Adultização infantil, desenvolvimento precoce e redes sociais: um perigo em cada tela
quebrando o silêncio
Os perigos do mundo digital afetam cada vez mais crianças e adolescentes e deixam marcas profundas.
Por Maita Tôrres
Denúncias feitas por um influenciador digital em relação ao uso de redes sociais por menores de idade trouxe maior repercussão sobre relatos de abuso, ameaças e ataques sofridos no ambiente virtual. A Igreja Adventista também se preocupa com os riscos do mundo digital para crianças, jovens e adultos, e por isso pautou a campanha deste ano do Quebrando o Silêncio sobre a temática.
Todo o conteúdo reflete a importância do cuidado com o uso da Internet. Esta edição do projeto traz como tema central a violência no ambiente digital. Passando por temas que vão desde Fake News a cyberbullying, os quais atingem inúmeras pessoas, vítimas constantes de crimes na internet. Assim, o Quebrando o Silêncio deste ano aborda justamente o cuidado, a necessidade de supervisão, proteção e acolhimento. Além de apresentar dados importantes sobre a violência digital e os sinais de alerta.
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No dia 23 de agosto, ações acontecerão em oito países da América do Sul. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai se unem visando conscientizar as pessoas sobre os riscos do mundo virtual e como se proteger. Além do dia especial para a campanha, o tema é trabalhado ao longo do ano, com materiais educativos, palestras e ações em escolas, igrejas e espaços públicos.
Alerta sobre um desenvolvimento precoce
O professor de neurociência e doutor em psicobiologia, Adauto Junior, destaca os impactos negativos e preocupantes no desenvolvimento mental e físico de crianças e adolescentes, principalmente diante das denúncias a respeito da adultização de menores de idade e exploração em redes sociais.
Ele explica que há etapas importantes para um desenvolvimento saudável do ser humano. Quando não são respeitadas, mas sim aceleradas, há a antecipação de “comportamentos que exigem uma maturidade ainda não alcançada e o próprio desenvolvimento é seriamente prejudicado no âmbito físico, mental e social da pessoa”.
“Especialmente durante a adolescência, o desafio da construção da identidade é uma tarefa crucial, que vai sofrer vários danos quando a mente é forçada a conviver com conteúdos e comportamentos impróprios para essa idade. Ocorrem inclusive impactos no desenvolvimento hormonal da criança, que podem desencadear prejuízos na saúde física e mental para toda a vida”, ressalta o especialista.
Ele detalha que a exposição precoce e esses abusos estão relacionados a diversos problemas. Como depressão, ansiedade, automutilação, suicídio, transtorno alimentares, delinquência, consumo de drogas, comportamento antissocial, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros.
“Os pais são responsáveis pela proteção de seus filhos menores. Primeiro, se negando a permitir que crianças tenham acesso a telas, especialmente na primeira e segunda infância. Em seguida, limitando o tempo de uso e monitorando de perto o que seus filhos acessam nas redes sociais”, ressalta Adauto.
Ele lembra ainda que existem aplicativos de controle parental que podem ajudar nessa difícil tarefa. “Mas é preciso haver diálogo aberto, controle com limites e denúncia sempre que houver abuso”, conclui o doutor.
Um risco para todos
Jeanete Lima, pedagoga e coordenadora do projeto Quebrando o Silêncio para oito países da América do Sul, destaca a importância e urgência do assunto, que “se tornou parte essencial da nossa vida, para crianças, adultos”. “As escolas exploram, nós dependemos dela para o trabalho, para os nossos relacionamentos, para os nossos contatos. Muito da nossa vida hoje está no mundo virtual, que trouxe muitos benefícios, mas esse não é um terreno neutro”, explica.
“Trabalhar esse tema é alertar as famílias, é cuidar dessas crianças e adolescentes que são mais vulneráveis”, afirma Jeanete. Ela lembra ainda que o projeto Quebrando o Silêncio, reafirma a grande responsabilidade, como instituição, de “promover a conscientização, orientar e mostrar caminhos para enfrentar os desafios que surgem”.
“Falar sobre a violência no mundo virtual é um ato de amor e um ato de responsabilidade, especialmente com essa geração. Queremos usar os benefícios desse mundo virtual, mas queremos fazer com sabedoria, com limite e com segurança”, conclui a educadora.
Um perigo silencioso
A violência digital tem ganhado uma proporção cada vez maior, alcançado lares, escolas e até igrejas. Dessa forma, ela faz vítimas que, muitas vezes, sofrem em silêncio as dores e feridas deixadas pelos criminosos sem face do outro lado da tela. Seja com conteúdo impróprio, ou ameaças silenciosas, a vítima se vê sem saída e com vergonha.
Ou seja, em um mundo cada vez mais conectado, o território digital tem se tornado um ambiente complicado, ao invés de promover apenas trocas de informação, conhecimento e entretenimento.
Contudo, a edição de 2025 do Quebrando o Silêncio incentiva diálogos urgentes sobre os perigos ocultos no mundo virtual, além de promover um ambiente seguro para essas interações. A proposta da campanha é incentivar diálogos francos sobre esses perigos e estimular o uso consciente e seguro das tecnologias.
Quebrando o Silêncio
O Quebrando o Silêncio é um programa educativo anual que combate diferentes formas de abuso e violência. A cada edição, um tema específico é trabalhado por meio de materiais para adultos, adolescentes e crianças, distribuídos em igrejas, escolas e comunidades.
Em 2025, a escolha do assunto – feita muito antes da recente repercussão – mostra a relevância e a atualidade da pauta, convidando famílias, escolas e autoridades a unirem esforços para tornar o ambiente digital mais seguro.
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