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Rebelião humana versus Ira e Perdão divinos (2/2)

deus

A despeito das escolhas de nossos pais, de nossos antepassados, todos podemos ter uma experiência única e pessoal com Deus

Débora Bergère

No dia seguinte, após a acusação dos rebeldes contra Moisés e Arão, eles são chamados a se apresentarem diante de Deus com seus incensários, assim como Arão.

E a glória de Deus se manifesta poderosamente:

“E o Senhor disse a Moisés e a Arão: ‘Afastem-se dessa comunidade para que eu acabe com eles imediatamente’. Mas Moisés e Arão prostraram-se, rosto em terra, e disseram: ‘Ó Deus, Deus que a todos dá vida, ficarás tu irado contra toda a comunidade quando um só homem pecou?’ 

Então o Senhor disse a Moisés: ‘Diga à comunidade que se afaste das tendas de Corá, Datã e Abirão’. Moisés levantou-se e foi para onde estavam Datã e Abirão, e as autoridades de Israel o seguiram. Ele advertiu a comunidade: ‘Afastem-se das tendas desses ímpios! Não toquem em nada do que pertence a eles, senão vocês serão eliminados por causa dos pecados deles'” (Números 16:20-26).

“Eles se afastaram das tendas de Corá, Datã e Abirão. Datã e Abirão tinham saído e estavam de pé, à entrada de suas tendas, junto com suas mulheres, seus filhos e suas crianças pequenas. E disse Moisés: ‘Assim vocês saberão que o Senhor me enviou para fazer todas essas coisas e que isso não partiu de mim. Se estes homens tiverem morte natural e experimentarem somente aquilo que normalmente acontece aos homens, então o Senhor não me enviou. Mas, se o Senhor fizer acontecer algo totalmente novo, e a terra abrir a sua boca e os engolir, junto com tudo o que é deles, e eles descerem vivos ao Sheol, então vocês saberão que estes homens desprezaram o Senhor'” (Números 16:27-28).

“Assim que Moisés acabou de dizer tudo isso, o chão debaixo deles fendeu-se e a terra abriu a sua boca e os engoliu juntamente com suas famílias, com todos os seguidores de Corá e com todos os seus bens. Desceram vivos à sepultura, com tudo o que possuíam; a terra fechou-se sobre eles, e pereceram dentre a assembléia. Diante dos seus gritos, todos os israelitas ao redor fugiram, gritando: ‘A terra vai nos engolir também!’ Então veio fogo da parte do Senhor e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam incenso'” (Números 16:29-35).

Uma história triste que poderia ter sido diferente se eles não tivessem pecado contra o Espírito Santo. Essa é a única explicação para o desprezo à palavra do Senhor e a recusa em buscar o perdão em reconhecimento ao pecado que estavam cometendo.

Você acha que diante das palavras de Moisés sobre a sentença que definiria se eles haviam desprezado o Senhor ou não, houvessem eles clamado pela misericórdia e perdão, não teriam sido poupados? Não resta dúvida. Assim como os 250 príncipes, concorda? Diante da morte de Corá e seus seguidores, o que lhes impediu de buscar o perdão?

O capítulo continua com um misto de intercessão, perdão e destruição, diante das consequências da influencia que aqueles homens haviam exercido sobre o povo. Povo, esse que foge ao testemunhar a destruição de Coré e seus seguidores, mas não expressa arrependimento. E no outro dia acusam Moisés das mortes ocorridas. Dá pra entender?

“No dia seguinte toda a comunidade de Israel começou a queixar-se contra Moisés e Arão, dizendo: ‘Vocês mataram o povo do Senhor’. Quando, porém, a comunidade se ajuntou contra Moisés e contra Arão, e eles se voltaram para a Tenda do Encontro, repentinamente a nuvem a cobriu e a glória do Senhor apareceu. Então Moisés e Arão foram para a frente da Tenda do Encontro, e o Senhor disse a Moisés:

‘Saia do meio dessa comunidade para que eu acabe com eles imediatamente’. Mas eles se prostraram, rosto em terra; e Moisés disse a Arão: ‘Pegue o seu incensário e ponha incenso nele, com fogo tirado do altar, e vá depressa até a comunidade para fazer propiciação por eles, porque saiu grande ira da parte do Senhor e a praga começou’. Arão fez o que Moisés ordenou e correu para o meio da assembléia.  A praga já havia começado entre o povo, mas Arão ofereceu o incenso e fez propiciação por eles. Arão se pôs entre os mortos e os vivos, e a praga cessou. Foram catorze mil e setecentos os que morreram daquela praga, além dos que haviam morrido por causa de Corá. Então Arão voltou a Moisés, à entrada da Tenda do Encontro, pois a praga já havia cessado” ( Números 16:41-50).

Contudo, a história continua e nos apresenta uma realidade surpreendente que nos leva a considerar e louvar o caráter de Deus: Misericordioso, Clemente, Longânimo e Justo. O registro está dez capítulos depois, em Números 26:10 e 11, onde lemos sobre o censo de todos os israelitas:

“E os filhos de Eliabe, Nemuel, e Datã, e Abirão: estes, Datã e Abirão, foram os do conselho da congregação, que contenderam contra Moisés e contra Arão no grupo de Coré, quando rebelaram contra o Senhor; E a terra abriu a sua boca, e os tragou com Coré, quando morreu aquele grupo; quando o fogo consumiu duzentos e cinqüenta homens, os quais serviram de advertência. Mas os filhos de Coré não morreram” (Números 26:9-11).

A família de Datã e de Abirão havia morrido com eles, mas os filhos de Corá (cujos nomes são citados em Êxodo 6:24) permaneceram leais a Deus.

No livro de Isaías encontramos uma declaração do próprio Deus que contrasta a duração de Sua ira e Sua misericórdia. Sua ira/indignação dura um instante, momento em que Ele deixa de olhar; já a Sua misericórdia é eterna, acompanhada por Sua compaixão.

“Por um breve momento te deixei, mas grandes misericórdias torno a acolher-te. Num ímpeto de indignação escondi de você por um instante o meu rosto, mas com misericórdia eterna me compadeço de você”, diz o Senhor, o seu Redentor (Isaías 54:7-8).

O Salmo 30 também faz esse contraste:

“Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria” (Salmos 30:5).

Por falar em Salmos, quer saber a influência dos coraítas sobre Israel e sobre nós ainda hoje? Vá para os Salmos.

Os descendentes de Corá compuseram alguns dos Salmos mais lindos da Bíblia. Eles falam de sede de Deus, anseio por Sua Presença, por estar nos átrios do Tabernáculo, proteção, refúgio, esperança, louvor, justiça, plenitude de alegria, presença de Deus, redenção, vale de lágrimas e vale de bençãos, restauração, bençãos, Grandeza do Senhor…

Salmos 42, Salmos 44, Salmos 45, Salmos 46, Salmos 47, Salmos 48, Salmos 49, Salmos, 84, Salmos 87 e Salmos 88.

“Os salmistas reagiam aos méritos de Deus em oração e louvor. As orações dos Salmos fornecem uma porta de entrada ao coração do adorador e ao coração de Deus.” 1

Conhecer a história dos autores nos leva a termos um outro olhar para aquilo que é um retrato da experiência deles com Deus. Que inspiração pra nós! Isso me diz que a despeito das escolhas de nossos pais, de nossos antepassados, todos podemos ter uma experiência única e pessoal com Deus, todos podemos escrever nossa história com o Deus de amor.

O que você pensa sobre aprofundar relacionamento pessoal com Deus?

Que tal começar através de um estudo sobre os Salmos?

Acordes

Equipe Biblia.com.br

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1 Comentário Bíblia Andrews, p. 694

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