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Dependência afetiva e emocional

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O apego da dependência é diferente do amor, porque este suporta bem o afastamento temporário, normal na vida de um adulto, mas a dependência não tolera a menor ameaça de afastamento necessário para manter a dinâmica do cotidiano.

“Tenho um namorado que me faz sentir como se ele dependesse de mim pra viver, pra fazer as coisas corretamente. Quando estamos separados ele não se cuida, não come direito. Tenho vontade de terminar com ele, mas ao mesmo tempo tenho dó porque me preocupo com ele. O que eu faço?”

Quando somos jovens e dizemos “eu te amo” para alguém, nem sempre sabemos o que estamos falando. Existem tantas interpretações, explicações e definições para o amor, que ficamos confusos. Vão desde o “eu te quero” até o “cuide de mim”. Parece mais uma carência individual que nada tem que ver com o bem-estar do outro. Não é errado ser carente, mas isso não pode ser confundido com amor. As duas coisas podem se satisfazer, mas há outras vias de preenchimento.

Quando a relação é fundamentada no “eu quero que você cuide de mim”, está em um caminho perigoso. Pode ruir no futuro, porque quando depositamos no outro todo o peso da nossa dependência, nós o sufocamos. Portanto, essa é uma atitude destruidora e autodestrutiva. É como ouvirmos alguém dizer: “Se você me abandonar, vou me matar.” Essa é uma chantagem usada pelos dependentes, que se esquecem que o outro tem uma vida para viver. A fim de não destruirmos o cônjuge com nossa dependência, vamos aprender a separá-la do amor, embora essa seja uma dependência temporária. Vamos falar da dependência crônica.

Um ser humano nasce com dependência total do meio, dos pais ou de alguém para cuidar dele. Sem esse cuidado, nos primeiros anos de vida, a sobrevivência seria impossível. É um período marcado pela fragilidade, fraqueza, impossibilidade de lutar e decidir por conta própria. Mas, com o passar dos meses, o bebê vai evoluindo, graças à nutrição e sustentação oferecida pelos que o orientam e dirigem.

Gradualmente, o bebê vai crescendo física, mental, emocional e espiritualmente, vai se tornando independente e assumindo o controle da vida. Por mais difícil que seja para os pais, o crescimento dos filhos é normal. Passam a ser autodirigidos e o controle externo passa a ser o controle interno. É uma fase de conflitos, na qual pode haver até violentos choques de geração. Quanto maior a dependência de ambos os lados, maiores os conflitos e mais desastrosas as discussões.

Como a vida e os conflitos não param, o jovem vai descobrindo que não existe independência absoluta. Assim, ele vai se acomodando e descobre que a verdadeira saúde do relacionamento está na interdependência. E a mais saudável é a interdependência fundada na estabilidade oferecida pela confiança mútua. Não se pode confundir dependência com entrega. A primeira é defensiva; a segunda, enfrentadora. Uma é impulsiva; a outra é uma decisão consciente de se entregar ao abraço, carinho e aconchego. A dependência faz a relação murchar. A entrega traz viço e brilho à relação.

Adulto não pode
Uma criança pode ser dependente, mas o adulto não. Ele precisa ter autonomia para administrar a própria vida, a fim de se realizar como ser humano. Renunciar à administração da vida é infantilizar-se, regredir no tempo. O adulto não pode se entregar à fraqueza crônica, à fragilidade constante é manter um relacionamento saudável. A criança que não teve amor ou o teve e perdeu, na idade adulta, forma vínculos motivada pela ansiedade e pelo medo. Então, se apega exageradamente ao parceiro, temerosa de perder tudo de novo.

O apego da dependência é diferente do amor, porque este suporta bem o afastamento temporário, normal na vida de um adulto, mas a dependência não tolera a menor ameaça de afastamento necessário para manter a dinâmica do cotidiano. O apego torna-se obcecado a ponto de prejudicar o trabalho, impossibilitar uma viagem ou proibir um lazer. A dependência é passiva, inibe e destrói, ao passo que o amor é ativo, dinâmico, liberta e constrói. A dependência nutre o medo, a fraqueza e a doença. O amor alimenta a coragem, a força e a sanidade.

Mecanismo de defesa
A dependência é um mecanismo de defesa usado pelo indivíduo, a fim de se proteger do vazio. Em vez de reagir, a pessoa prefere se render e culpar terceiros por suas mazelas. Fala demais e faz muito pouco para si e pelo cônjuge. Na verdade, o que ela mais precisa é correr o risco de aventurar-se a fazer, criar e produzir.

Uma das piores inimigas do dependente é a raiva que sente do parceiro que o nutre. Essa raiva é despertada pelo ciúme e inveja. Ciúme das alegrias, inveja das realizações. O dependente sofre muito porque está em constante conflito entre a atração que sente pelos recursos oferecidos, como atenção, presentes e repulsa pela maneira tranquila como o outro vive. A dependência cria essa ambivalência: quanto mais recebe, mais raiva tem de receber. Quanto melhor é o parceiro, mais ódio tem da bondade.

Não é fácil sair desse conflito porque o dependente não tem limites. Não aceita restrições aos seus pensamentos, sentimentos e desejos. Com o argumento das injustiças sofridas no passado, ele quer justificar as ações do presente e vai esgotando o cônjuge, provocando-lhe irritação, desconforto, e desejo de se afastar. Uma dinâmica típica para gerar pânico no dependente.

Ação
O círculo vicioso se quebraria se o dependente se esforçasse para correr um pouco mais de risco a fim de sair da inércia, se ele cobrasse menos de si e desse mais, assumindo gradativamente mais responsabilidade pela própria vida e aceitando melhor as obrigações por ela impostas a todo ser humano. O dependente precisa reconhecer que não há vida sem limites e que eles soam necessários para a segurança.

A participação do cônjuge não dependente também é importante. Ele deve definir melhor seus próprios limites, aceitar o seu desgaste antes do esgotamento total. Enfim, a solução do conflito está na ação do casal. Cada parte deve contribuir e investir no bem-estar mútuo. A melhor contribuição que cada um pode dar é o reconhecimento da diferenciação. Homem é homem; mulher é mulher. Quanto mais diferenciada for a pessoa, melhor cônjuge ela se tornará, porque tem amadurecimento e autonomia. Sabe até onde pode ir, onde acabam seus direitos e começam os do outro. Sabe separar o que sente do que pensa e, consequentemente, sabe respeitar o que o outro pensa e sente. Sabe ser ela mesma e deixar que o outro seja o que é.

O indivíduo bem definido não se sente ameaçado com o afastamento temporário e sabe administrar a própria vida. Na medida em que a pessoa fica menos diferenciada como indivíduo, sua relação como casal é ameaçada. Isso porque ela não se apega motivada pela busca de atenção temporária, de conforto passageiro, cuidado transitório do aconchego que flui, típicos do amor. Apega-se movida pela ansiedade crônica e pelo medo constante. Pela fragilidade manipuladora típica da dependência.

Equipe Biblia.com.br

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