A obediência a Lei de Deus não é contrária à salvação gratuita?
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A obra da fé do crente justificado é o fruto da justificação e a expressão de uma vida guiada pelo Espírito Santo em santificação.
Algumas verdades básicas devem ser, aqui, estabelecidas para o nosso estudo sobre a assunto: (1) obediência nunca é meio de salvação, (2) não repousa na obediência nenhum mérito que contribua para a salvação do homem, (3) a obediência é resultado e demonstração da verdadeira salvação em Cristo, recebida unicamente pela graça através da fé (leia-se Romanos 3:21-28; Gálatas 2:16, Tiago 2:26).
A vida de fé dos que creem em Cristo produz o fruto da fé através das obras que resultam da fé e do esforço que provém do amor. “A obra da fé do crente justificado é o fruto da justificação e a expressão de uma vida guiada pelo Espírito Santo em santificação.” (Gerard Hasel, Divine Judgment, 828). Os mandamentos de Deus são para ser guardados por todo crente que foi salvo com o novo objetivo de sua vida: ser santo. Paulo nos ensina que recebemos “graça e apostolado, para a obediência da fé” (Romanos 1:5).
A salvação se mostra no crente pelas obras que se harmonizam com a vontade santa de Deus, e o separam do mundo, mas estas nunca são meio ou mérito para a sua salvação pessoal.
Não podemos esquecer que “o perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o transbordamento de amor redentor que transforma o coração.” (Ellen G. White, MDC, 114). Assim justificação, que é sinônimo de perdão, não é apenas um ato de Deus em Cristo que livra o transgressor da condenação do pecado, mas é um livramento do pecado e é o poder que transforma o coração do pecador para então viver em santidade. Na justificação o pecador perdoado recebe, no mesmo momento em que crê, o poder do Espírito para viver em santidade. (leia-se Romanos 8:1-17; Efésios 1:13,14; Atos 11:14-18). Com base nestes textos pode-se afirmar que quando o pecador aceita a Cristo como seu salvador ele é selado pelo Espírito, tem o penhor do Espírito, e é batizado pelo Espírito.
Além disso, Paulo explica em sua carta a Tito, (Tito 3:3-7, leia-se) que quando os homens “néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos…”(v.3) eles são salvos, e o são pelo “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”(v.5). E no verso seguinte ele chama isso de “justificados pela graça.”(v.7) Entendida desta forma a justificação não é apenas forense, legal, apenas um ato de Deus em Cristo, sem que nada ocorra conosco. Não, ela não só é feita por nós, mas também em nós. Porque quando a pessoa crê em Cristo, no ato de crer, ela é selada, batizada, lavada pela renovação e regeneração do Espírito, e ainda recebe o Espírito como penhor, segurança da sua salvação. As obras, desta forma, nascem a partir do momento em que fui justificado, pois nela, na justificação, a pessoa é fortalecida interiormente para obedecer. Por isso que o perdão não é só afastamento da culpa, mas livramento do pecado e a transformação do coração do pecador pelo transbordamento do amor de Deus, demonstrado no perdão e na vida de obediência.
A santidade tem como razão de ser aquilo que Deus disse a Israel, “… santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Levítico 19:2). Santidade no seu aspecto relacional é um ato de Deus na vida das pessoas, como é declarado em Hebreus 10:10 “…temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.” Santidade neste caso ocorre num momento da vida quando ao pecador é imputada a santidade de Deus. Por outro lado a santidade pode ser entendida como processo de crescimento moral (leia-se 1 Pedro 2:2; Colossenses 1:10; 2:7; Romanos 6:2-14). O ser humano pelo poder do Espírito mortifica os feitos da carne e vivifica sua natureza espiritual (leia-se Romanos 8:11, 13), cujo alvo final é imitar o padrão perfeito, Jesus Cristo.
Esta santidade influenciará todos os aspectos da vida do cristão, conduzindo-o sempre a um nível moral mais elevado. Integridade, honestidade, bondade, pureza moral, obediência em todas as coisas assinalarão a vida da pessoa que aceitou a Jesus Cristo como seu salvador pessoal (leia-se 1 João 5:1-3). Portanto, a salvação unicamente pela graça mediante a fé em Cristo se manifestará em uma vida de fidelidade e obediência.
Equipe Biblia.com.br