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O que é pecado de morte referido na Bíblia?

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Enquanto houver algum motivo de esperança, devemos continuar a orar, pois não podemos dizer com certeza quando uma pessoa já foi longe demais.

Vejamos o contexto do que João está escrevendo. No capítulo 5, versos 14 e 15, ele afirma que as orações do crente serão respondidas por Deus. “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.  E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” (1 João 5:14 e 15).

João está se dirigindo à comunidade cristã. Ele está falando sobre a importância dos cristãos orarem uns pelos outros, especialmente quando um deles cai em pecado. Depois de dar a certeza de que os Cristãos podem orar que são atendidos, João passa a dar um exemplo específico de oração. A oração de um irmão em favor de outro. Ele explica em que circunstâncias ela pode ser eficaz. “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniqüidade é pecado, e há pecado que não é para morte” (1 João 5:16 e 17).

Muito melhor do que os membros da igreja ficarem comentando sobre os pecados de um determinado irmão, João está sugerindo que o melhor seria orar por e com o irmão. Esta atividade de oração intercessora encaixa-se muito bem na responsabilidade que têm os membros do corpo de Cristo de cuidarem uns dos outros em amor (Mateus 18:15-18). Procurar o pecador, adverti-lo do seu erro, e principalmente apontar-lhe um Salvador, é uma tarefa delicada. Entretanto este tipo de diálogo serve para construir a igreja. Totalmente diferente de fofocas, cujo resultado é o esfacelar da igreja. Aí vem a pergunta: “O que é um pecado para a morte?” Os estudiosos bíblicos sustentam que o pecado para a morte é o pecado imperdoável do qual Jesus falou em Mateus 12:31 e 32.

João discute dois tipos de pecado. Aqueles em que há esperança para o pecador, e aqueles em que não há esperança. Nos casos de pecados para os quais há esperança, a oração pode ser muito eficaz na recuperação. Já, sem a esperança, caso dos “pecados para a morte”, não há garantia de que a oração venha a se tornar eficaz. João não está aqui definindo um ato de pecado em particular que leva inevitavelmente à morte. Ele se refere a um tipo de pecado. Se ele tivesse em mente um pecado específico capaz de levar alguém à perda da salvação, certamente ele o teria identificado, para que todos nós pudéssemos nos desviar deste e assim ficarmos longe da consequência tão terrível. Mas João não indicou um pecado específico como sendo “o pecado para a morte”. Isso nos leva a concluir que João está falando não de um ato específico de pecado, mas sim de um “tipo” de pecado, uma atitude. A Bíblia considera com muita seriedade o pecado. Vejamos alguns versos bíblicos:

“Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4).

“Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniqüidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (Ezequiel 18:24).

“Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:15).

Qualquer pecado se a pessoa persistir nele conduzirá à morte. Mas nós sabemos que há uma diferença de grau entre um pecado e outro. Os pecados cometidos por aqueles que estão genuinamente interessados em servir a Deus, mas que sofrem de uma vontade fraca e lutam contra hábitos arraigados, são muito diferentes dos pecados cometidos deliberadamente em atrevido desafio a Deus. O que determina a diferença entre um pecado que não é para a morte e um pecado que é para a morte é mais a atitude e o motivo do que o ato do pecado em si. Nesse sentido há uma distinção entre pecados.

Um erro pequeno do qual a pessoa se arrepende rapidamente, e é perdoada, não é um pecado para a morte. Um pecado mais grave, cometido porque a pessoa descuidou seu relacionamento com Jesus, ainda não é um pecado para a morte, se seguido de genuíno arrependimento. Qualquer pecado em que o pecador persistentemente se recusa a atender o apelo do Espírito Santo para arrependimento torna-se um pecado para a morte. A recusa em arrepender-se torna a morte uma coisa certa. Se a pessoa peca e se recusa a arrepender-se, não há outro caminho a não ser a morte.

Dificilmente nós humanos conseguimos perceber essa diferença. Mas Deus, que conhece os corações, sabe o momento em que a pessoa não quer mais arrepender-se, o momento em que ela rejeita por completo toda a influência celestial por sua salvação. E isso a Bíblia chama de pecado contra o Espírito Santo. Um exemplo da diferença entre tipos de pecados pode ser visto na vida de Saul e Davi, reis de Israel. Os dois cometeram pecados horríveis. O primeiro pecou e não se arrependeu; o segundo se arrependeu de todo coração. Quais foram as consequências? Saul morreu sem a esperança da vida eterna. Davi foi perdoado e foi-lhe assegurado um lugar no reino de Deus.

Há, portanto, muita esperança para aquele que, contrito, atira-se aos pés de Jesus! Ninguém é tão vil, ninguém desceu tanto na senda de pecado que não possa ser alcançado pela graça de Cristo. Jesus abriu-nos a porta que conduz ao céu. Ele veio para buscar o que estava perdido e jamais desistirá de buscar o pecador. Poderá acontecer que o pecador algum dia desista de Jesus, mas Jesus jamais desiste de nós. Em João 6:37, Ele diz: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37).

O único pecado que não tem perdão é aquele em que o pecador não quer ou não acredita que possa ser perdoado. Se alguém não quiser o perdão, recusar a salvação, debochar da vida eterna, estará perdido!  Perder-se-á não porque Deus não tenha feito tudo para salvá-lo, mas porque Deus não obrigará ninguém a ir para o céu.

“João não nos ordena orar, nem diz que não deveríamos fazê-lo, mas hesita em dar garantia de resposta às orações para aqueles que deliberadamente se afastaram de Deus. Há diferença entre a oração por nós e a oração em nome de terceiros. Quando a nossa vontade está do lado de Deus, podemos pedir de acordo com a Sua vontade e saber que receberemos uma resposta às nossas orações. Mas, quando há uma terceira pessoa em questão, é preciso lembrar que ela também tem uma vontade. Se ela não quiser se arrepender, todas as nossas orações e todo o trabalho que Deus possa fazer e que nos induza a fazer, não pode forçar a vontade dela. Isso não quer dizer que não devemos continuar a orar por aqueles que se afastaram do caminho da justiça, ou que nunca se renderam ao Salvador. Isso não significa que não haverá muitas conversões notáveis como consequência de orações longas e sérias feitas por corações fiéis. Mas João mostra que não adianta orar pedindo perdão para o pecador se ele se recusar a se arrepender de seu pecado. No entanto, enquanto houver algum motivo de esperança, devemos continuar a orar, pois não podemos dizer com certeza quando uma pessoa já foi longe demais.”1

Equipe Biblia.com.br

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1 Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, p. 750, 751).

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