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Fruto do Espírito – Gálatas 5:22-23 (2/2)

amor

Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

(a) Eros é o amor de um homem a uma mulher; é o amor imbuído de paixão. O termo não se emprega no Novo Testamento.

(b) Filia é o quente amor para com nossos próximos e familiares; é algo do coração e seus sentimentos.

(c) Storge significa, antes, afeto, e se aplica particularmente ao amor de pais e filhos.

(d) Ágape é o termo cristão, e realmente significa benevolência invencível. Significa que nada que alguém possa nos fazer por meio de insultos, injúrias ou humilhações nos forçará a buscar outra coisa senão o maior bem do mesmo. Portanto, é um sentimento tanto da mente como do coração; corresponde tanto à vontade como às emoções. O termo descreve o esforço deliberado — que só podemos realizar com a ajuda de Deus — de não buscar jamais outra coisa senão o melhor, até para aqueles que buscam o pior para nós.

Alegria: o termo grego é cara e sua característica está em que a maioria das vezes descreve a alegria que tem sua base na religião e cujo fundamento real é Deus. (cf. Salmo 30:11; Romanos 14:17; 15:13; Filipenses 1:4,25). Não é a alegria que provém de coisas terrenas ou triunfos fúteis; muito menos o que tem sua fonte no triunfo sobre alguém com quem se esteve em rivalidade ou competição. É, antes, a alegria que tem Deus como fundamento.

Paz: no grego coloquial contemporâneo esta palavra (eirene) tem dois usos interessantes. Aplica-se à tranqüilidade e serenidade que goza um país sob o governo justo e benéfico de um bom imperador. E se usa para a boa ordem de um povoado ou uma aldeia. Nas aldeias havia um funcionário chamado superintendente da eirene da aldeia; este era o guardião da paz pública. No Novo Testamento o termo eirene ordinariamente representa o hebraico shalom, e não significa simplesmente liberdade de dificuldades, mas sim tudo aquilo que faz o bem supremo do homem. Aqui significa essa tranqüila serenidade do coração proveniente da plena consciência de que nosso tempo está nas mãos de Deus. É interessante advertir que tanto cara como eirene chegaram a ser nomes muito comuns na Igreja.

Paciência (makrothymia), uma palavra de grande significado. O autor de 1 Macabeus (8:4) diz que os romanos fizeram-se donos do mundo por makrothymia; alude-se aqui à tenacidade de Roma pela que jamais fazia a paz com o inimigo, até na derrota; uma sorte de paciência que conquista. Falando em geral, a palavra não se usa para a paciência com respeito a coisas ou acontecimentos, senão para a paciência com respeito às pessoas. Crisóstomo diz que é a graça do homem que podendo-se vingar não o faz; do que é lento para a ira. O que mais ilumina seu significado é seu uso muito comum no Novo Testamento com respeito à atitude de Deus e de Jesus para com os homens (Romanos 2:4; 9: 22; 1 Timóteo 1:18; 1 Pedro 3:20). Se Deus tivesse sido homem, faz tempo que teria levantado sua mão para destruir este mundo; mas tem tal paciência que suporta todos os nossos pecados e não nos despreza. Em nossa vida, em nossa atitude e nossos entendimentos com nossos semelhantes devemos reproduzir esta atitude de Deus para conosco, de amor, tolerância, perdão e paciência.

Benignidade e bondade são termos muito ligados entre si. Por benignidade é o termo crestotes. Com muita freqüência se traduz também por bondade (Tito 3:4; Romanos 2:4; 2 Coríntios 6:6; Efésios 2:7; Colossenses 3:12; Gálatas 5:22). É um termo positivo. Plutarco diz que é muito mais difundido que a justiça. Um vinho antigo se chama crestos, suave. O jugo de Cristo é crestos (Mateus 11:30), quer dizer, não roça nem incomoda nem mortifica. A ideia geral é a de uma amável bondade. O termo que Paulo usa para bondade (agathosyne) é peculiar da Bíblia; não ocorre no grego comum (Romanos 15:14; Efésios 5:9; 2 Tessalonicenses 1:11). É a mais ampla expressão da bondade; define-se como “a virtude equipada para cada momento”. Qual é a diferença? A bondade poderia — e pode — reprovar, corrigir e disciplinar; a crestotes só pode ajudar. Trench diz que Jesus mostrou agathosyne quando purificou o templo e expulsou os que o transformavam num mercado, mas manifestou crestotes quando foi amável com a mulher pecadora que lhe ungia os pés. O cristão necessita de uma bondade que seja ao mesmo tempo amável e enérgica.

Fidelidade (RC., “fé”). No grego popular esta palavra é comum para confiança. É a característica do homem digno de confiança.

Mansidão: praotes é a palavra que menos se presta à tradução. No Novo Testamento tem três significados principais,

(a) Significa submisso à vontade de Deus (Mateus 5:5; 11:29; 21:5).

(b) Significa dócil: o homem que não é muito soberbo para aprender (Tiago 1:21).

(c) Com maior freqüência significa considerado (1 Coríntios 4:21; 2 Coríntios 10:1; Efésios 4:2). Aristóteles definiu a praotes como o termo médio entre a ira excessiva e a mansidão excessiva; como a qualidade do homem que está sempre irado mas só no momento devido. O que lança maior luz no significado da palavra é que o adjetivo praus aplica-se a um animal domesticado e criado sob controle; o termo fala do domínio próprio que só Cristo pode dar. Praotes refere-se ao espírito submisso a Deus, dócil em todo o bom e considerado para com seu próximo.

Domínio próprio (RC: “temperança”): o termo é egkrateia. Platão a aplica ao domínio próprio. É o espírito que dominou seus desejos e amor ao prazer. Aplica-se à disciplina que os atletas exercem sobre o próprio corpo (1 Coríntios 9:25) e do domínio cristão do sexo (1 Coríntios 7:9). No grego corrente aplica-se à virtude de um imperador que jamais permite que seus interesses privados influam no governo do povo. É a virtude que faz ao homem tão dono de si, que é capaz de ser servo de outros.

Paulo cria e experimentava por si mesmo a morte do cristão com Cristo e sua ressurreição a uma vida nova e pura…”

Equipe Biblia.com.br

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[Gálatas (William Barclay) 53-56]

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